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Pós-graduação em Entomologia Médica: 25 anos de contribuição para a saúde pública

Primeiro curso Lato sensu do IOC já formou 164 especialistas de doze estados e do Distrito Federal, além de onze países estrangeiros
Por Maíra Menezes23/05/2019 - Atualizado em 18/04/2021

Agosto de 2019. A Pós-graduação Lato sensu em Entomologia Médica do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) completa 25 anos cumprindo uma importante função na capacitação de profissionais para a saúde pública. Já são 164 entomologistas formados, de doze estados e do Distrito Federal, além de onze países das América, África e Europa. Especialistas em mosquitos, flebotomíneos, barbeiros, carrapatos, moscas, borrachudos, maruins e outros insetos transmissores de doenças, os egressos da Pós-graduação podem contribuir para o enfrentamento de agravos com alto impacto na população, tais como malária, dengue, Zika, chikungunya, leishmanioses, doença de Chagas e febre maculosa, entre outras.

Além de aulas teóricas e práticas, trabalhos de campo fazem parte da formação dos especialistas em Entomologia Médica. Foto: Divulgação

“Começamos o curso porque percebíamos que muitos profissionais que atuavam no combate a vetores nas Secretarias municipais e estaduais de Saúde careciam de conhecimento especializado e atualizado. Nossa maior satisfação é ver alunos contribuindo para o controle de endemias no país”, declara o pesquisador Rubens Pinto de Mello, fundador e coordenador adjunto do curso. “Também é marcante acompanhar a trajetória de muitos estudantes que iniciaram na entomologia através da especialização e são pesquisadores em diversas instituições científicas”, completa o pesquisador Anthony Érico da Gama Guimarães, chefe do Laboratório de Diptera do IOC e coordenador da Pós-graduação.

Criado em 1994, o curso de Entomologia Médica foi o primeiro oferecido pelo IOC na modalidade Lato sensu. Para o vice-diretor de Ensino, Informação e Comunicação do Instituto, Marcelo Alves Pinto, a especialização é cada vez mais relevante devido ao alto impacto das doenças infecciosas. “A Pós-graduação Lato sensu em Entomologia Médica do IOC é uma das poucas existentes na América Latina abordando o tema. A capacitação, em elevado nível, é ainda mais importante considerando a carência de profissionais na área e a grande demanda em âmbito nacional e internacional face o surgimento de doenças emergentes e re-emergentes nos últimos anos”, enfatiza Marcelo.

Formação completa

Com carga horária total de 510 horas, a especialização tem duração de dois anos, sendo o primeiro semestre dedicado às aulas teóricas e práticas, que ocorrem em horário integral, e o restante do tempo disponível para desenvolvimento da pesquisa de monografia, com orientação de docentes do curso. As aulas abordam a biologia e a ecologia dos insetos de importância médica e as ferramentas de controle vetorial e de pragas. Além disso, há noções de bioética e biossegurança e de metodologia científica. Para acompanhar as disciplinas, cada aluno tem à disposição uma lupa, um microscópio e ferramentas de dissecção.

Para os coordenadores Anthony e Rubens, o formato do curso, que se manteve ao longo de 25 anos, favorece o aprendizado e facilita a participação de estudantes de fora do Rio. Foto: Gutemberg Brito

Segundo os coordenadores, enquanto o conteúdo é continuamente atualizado, o formato da Pós-graduação foi mantido ao longo dos anos. “Sempre tivemos no máximo dez alunos por turma e material completo para todos. Montar essa estrutura foi um dos desafios no início do curso, mas isso é fundamental para que os estudantes possam aprender a identificar os vetores e conhecer a sua biologia”, diz Rubens. “A oferta de disciplinas de forma concentrada, no período de agosto a dezembro, busca facilitar a participação de estudantes de fora do Rio de Janeiro, especialmente funcionários de Secretarias de Saúde do interior. Dessa forma, eles podem assistir às aulas no IOC por cinco meses e retornar para realizar a pesquisa de monografia nas suas cidades”, esclarece Anthony.

A qualidade da formação é destacada pelos ex-alunos. Gerente de Doenças Transmitidas por Vetores e Zoonoses da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro (SES/RJ), Cristina Giordano Dias lembra que procurou a especialização quando começou a trabalhar no órgão, em 1996. Segundo ela, os conhecimentos adquiridos continuam contribuindo para sua atuação profissional mais de 20 anos depois. “Conhecer os hábitos dos vetores é fundamental para compreender a epidemiologia das doenças infecciosas e implementar estratégias de controle. No Rio de Janeiro, temos casos de arboviroses, leishmaniose, malária e febre maculosa, por exemplo. Na Pós-graduação, aprendi com pesquisadores que são referência em todas essas áreas e com quem, até hoje, estabeleço parcerias”, ressalta Cristina. “O curso também foi muito importante para minha decisão de trabalhar na saúde pública. A partir da especialização, tive certeza de que queria atuar nesse campo, do controle dos vetores às doenças”, completa a bióloga, que concluiu o mestrado em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp/Fiocruz) em 2013 e atualmente cursa o doutorado em Medicina Tropical no IOC.

Ex-aluna e hoje docente do curso, a pesquisadora Catarina Macedo Lopes, do Laboratório Interdisciplinar de Vigilância Entomológica em Diptera e Hemiptera do IOC, também avalia que a especialização teve papel central na sua trajetória profissional. “Me considero entomologista por causa da Pós-graduação. Quando ingressei no curso, em 1995, era estagiária do então Laboratório de Culicideos do Departamento de Entomologia do IOC e trabalhava somente com Culicideos [mosquitos]. A especialização me abriu o leque da entomologia e me deu suporte para cursar o mestrado e o doutorado”, afirma Catarina, que se formou mestre e doutora em Biologia Animal pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e atualmente desenvolve estudos relacionados a triatomíneos. “Hoje tenho o grande prazer de ser docente da Entomologia Médica e de ver que o curso se mantém com conteúdo completo, com qualidade e inovação”, declara a pesquisadora.

Alunos da Pós-graduação aprendem sobre a biologia e a ecologia de insetos de importância médica, como mosquitos, barbeiros e carrapatos. Foto: Divulgação

Nesses 25 anos, a Pós-graduação recebeu alunos formados em biologia marinha, biomedicina, ciências biológicas, ciências agrícolas, engenharia agronômica, farmácia, medicina, medicina veterinária e zootecnia. Em 2011, a especialização contou ainda com uma edição realizada em Fortaleza, em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde do Ceará, da qual participaram funcionários da área da vigilância de cerca de vinte municípios do estado. “Com apoio da diretoria do IOC e da presidência da Fiocruz, conseguimos criar e manter um curso inteiramente gratuito, no qual os alunos podem aprender as bases da entomologia médica. É um curso denso com aulas teóricas, práticas e trabalhos de campo. Por ser uma Pós-graduação da modalidade Lato sensu, não há oferta de bolsas pelas agências de fomento. Mesmo assim, tivemos 30 inscritos para dez vagas no ano passado”, enfatiza Rubens. “Em alguns momentos foi levantada a possibilidade de transformar a Pós-graduação Lato sensu em um Programa de Mestrado Stricto sensu. Porém, acreditamos que a especialização tem o formato ideal para atender às necessidades de capacitação de agentes de saúde e de estudantes em início de carreira. A grande procura pelo curso após 25 anos confirma isso”, pontua Anthony.

As inscrições para a Pós-graduação em Entomologia Médica são anuais e ocorrem geralmente no primeiro semestre do ano. Podem se inscrever profissionais de nível superior com graduação em cursos da área biomédica e afins. A seleção dos candidatos é feita através da avaliação do currículo e entrevista. As aulas iniciam em agosto. Clique aqui para saber mais.

Primeiro curso Lato sensu do IOC já formou 164 especialistas de doze estados e do Distrito Federal, além de onze países estrangeiros
Por: 
maira

Agosto de 2019. A Pós-graduação Lato sensu em Entomologia Médica do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) completa 25 anos cumprindo uma importante função na capacitação de profissionais para a saúde pública. Já são 164 entomologistas formados, de doze estados e do Distrito Federal, além de onze países das América, África e Europa. Especialistas em mosquitos, flebotomíneos, barbeiros, carrapatos, moscas, borrachudos, maruins e outros insetos transmissores de doenças, os egressos da Pós-graduação podem contribuir para o enfrentamento de agravos com alto impacto na população, tais como malária, dengue, Zika, chikungunya, leishmanioses, doença de Chagas e febre maculosa, entre outras.

Além de aulas teóricas e práticas, trabalhos de campo fazem parte da formação dos especialistas em Entomologia Médica. Foto: Divulgação

“Começamos o curso porque percebíamos que muitos profissionais que atuavam no combate a vetores nas Secretarias municipais e estaduais de Saúde careciam de conhecimento especializado e atualizado. Nossa maior satisfação é ver alunos contribuindo para o controle de endemias no país”, declara o pesquisador Rubens Pinto de Mello, fundador e coordenador adjunto do curso. “Também é marcante acompanhar a trajetória de muitos estudantes que iniciaram na entomologia através da especialização e são pesquisadores em diversas instituições científicas”, completa o pesquisador Anthony Érico da Gama Guimarães, chefe do Laboratório de Diptera do IOC e coordenador da Pós-graduação.

Criado em 1994, o curso de Entomologia Médica foi o primeiro oferecido pelo IOC na modalidade Lato sensu. Para o vice-diretor de Ensino, Informação e Comunicação do Instituto, Marcelo Alves Pinto, a especialização é cada vez mais relevante devido ao alto impacto das doenças infecciosas. “A Pós-graduação Lato sensu em Entomologia Médica do IOC é uma das poucas existentes na América Latina abordando o tema. A capacitação, em elevado nível, é ainda mais importante considerando a carência de profissionais na área e a grande demanda em âmbito nacional e internacional face o surgimento de doenças emergentes e re-emergentes nos últimos anos”, enfatiza Marcelo.

Formação completa

Com carga horária total de 510 horas, a especialização tem duração de dois anos, sendo o primeiro semestre dedicado às aulas teóricas e práticas, que ocorrem em horário integral, e o restante do tempo disponível para desenvolvimento da pesquisa de monografia, com orientação de docentes do curso. As aulas abordam a biologia e a ecologia dos insetos de importância médica e as ferramentas de controle vetorial e de pragas. Além disso, há noções de bioética e biossegurança e de metodologia científica. Para acompanhar as disciplinas, cada aluno tem à disposição uma lupa, um microscópio e ferramentas de dissecção.

Para os coordenadores Anthony e Rubens, o formato do curso, que se manteve ao longo de 25 anos, favorece o aprendizado e facilita a participação de estudantes de fora do Rio. Foto: Gutemberg Brito

Segundo os coordenadores, enquanto o conteúdo é continuamente atualizado, o formato da Pós-graduação foi mantido ao longo dos anos. “Sempre tivemos no máximo dez alunos por turma e material completo para todos. Montar essa estrutura foi um dos desafios no início do curso, mas isso é fundamental para que os estudantes possam aprender a identificar os vetores e conhecer a sua biologia”, diz Rubens. “A oferta de disciplinas de forma concentrada, no período de agosto a dezembro, busca facilitar a participação de estudantes de fora do Rio de Janeiro, especialmente funcionários de Secretarias de Saúde do interior. Dessa forma, eles podem assistir às aulas no IOC por cinco meses e retornar para realizar a pesquisa de monografia nas suas cidades”, esclarece Anthony.

A qualidade da formação é destacada pelos ex-alunos. Gerente de Doenças Transmitidas por Vetores e Zoonoses da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro (SES/RJ), Cristina Giordano Dias lembra que procurou a especialização quando começou a trabalhar no órgão, em 1996. Segundo ela, os conhecimentos adquiridos continuam contribuindo para sua atuação profissional mais de 20 anos depois. “Conhecer os hábitos dos vetores é fundamental para compreender a epidemiologia das doenças infecciosas e implementar estratégias de controle. No Rio de Janeiro, temos casos de arboviroses, leishmaniose, malária e febre maculosa, por exemplo. Na Pós-graduação, aprendi com pesquisadores que são referência em todas essas áreas e com quem, até hoje, estabeleço parcerias”, ressalta Cristina. “O curso também foi muito importante para minha decisão de trabalhar na saúde pública. A partir da especialização, tive certeza de que queria atuar nesse campo, do controle dos vetores às doenças”, completa a bióloga, que concluiu o mestrado em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp/Fiocruz) em 2013 e atualmente cursa o doutorado em Medicina Tropical no IOC.

Ex-aluna e hoje docente do curso, a pesquisadora Catarina Macedo Lopes, do Laboratório Interdisciplinar de Vigilância Entomológica em Diptera e Hemiptera do IOC, também avalia que a especialização teve papel central na sua trajetória profissional. “Me considero entomologista por causa da Pós-graduação. Quando ingressei no curso, em 1995, era estagiária do então Laboratório de Culicideos do Departamento de Entomologia do IOC e trabalhava somente com Culicideos [mosquitos]. A especialização me abriu o leque da entomologia e me deu suporte para cursar o mestrado e o doutorado”, afirma Catarina, que se formou mestre e doutora em Biologia Animal pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e atualmente desenvolve estudos relacionados a triatomíneos. “Hoje tenho o grande prazer de ser docente da Entomologia Médica e de ver que o curso se mantém com conteúdo completo, com qualidade e inovação”, declara a pesquisadora.

Alunos da Pós-graduação aprendem sobre a biologia e a ecologia de insetos de importância médica, como mosquitos, barbeiros e carrapatos. Foto: Divulgação

Nesses 25 anos, a Pós-graduação recebeu alunos formados em biologia marinha, biomedicina, ciências biológicas, ciências agrícolas, engenharia agronômica, farmácia, medicina, medicina veterinária e zootecnia. Em 2011, a especialização contou ainda com uma edição realizada em Fortaleza, em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde do Ceará, da qual participaram funcionários da área da vigilância de cerca de vinte municípios do estado. “Com apoio da diretoria do IOC e da presidência da Fiocruz, conseguimos criar e manter um curso inteiramente gratuito, no qual os alunos podem aprender as bases da entomologia médica. É um curso denso com aulas teóricas, práticas e trabalhos de campo. Por ser uma Pós-graduação da modalidade Lato sensu, não há oferta de bolsas pelas agências de fomento. Mesmo assim, tivemos 30 inscritos para dez vagas no ano passado”, enfatiza Rubens. “Em alguns momentos foi levantada a possibilidade de transformar a Pós-graduação Lato sensu em um Programa de Mestrado Stricto sensu. Porém, acreditamos que a especialização tem o formato ideal para atender às necessidades de capacitação de agentes de saúde e de estudantes em início de carreira. A grande procura pelo curso após 25 anos confirma isso”, pontua Anthony.

As inscrições para a Pós-graduação em Entomologia Médica são anuais e ocorrem geralmente no primeiro semestre do ano. Podem se inscrever profissionais de nível superior com graduação em cursos da área biomédica e afins. A seleção dos candidatos é feita através da avaliação do currículo e entrevista. As aulas iniciam em agosto. Clique aqui para saber mais.

Edição: 
Vinicius Ferreira

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)