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'Proibido retroceder', artigo de Eloi S. Garcia

Pesquisador diz que nosso sistema de ciência, tecnologia, inovação e educação ainda é muito frágil e, por isto, necessita de preocupação constante de nossos futuros governantes
Por Jornalismo IOC04/10/2010 - Atualizado em 10/12/2019

Sempre que há mudança de governo uma coisa preocupa os cientistas e os professores: o investimento do futuro gestor em ciência, tecnologia, inovação e educação. Ainda não ouvimos os candidatos explicitar com maiores detalhes o que farão nessas áreas. Existem muitas sombras, mas também algumas luzes. Reconhecemos que nos últimos anos o orçamento dessas áreas tem aumentado substancialmente. Isto se reflete no aumento da produção de técnicos em diversas áreas, na formação de nossos pós-graduandos e da produção científica tanto em quantidade (este é um fato já bem conhecido da comunidade) como em qualidade (este é menos reconhecido, mas já visto por inúmeros pesquisadores que se preocupam com a publicação em revistas de impacto e o número de citações).

No entanto o nosso sistema de ciência, tecnologia, inovação e educação ainda é muito frágil e, por isto, necessita de preocupação constante de nossos futuros governantes. A única maneira de o país continuar crescendo é investir em ciência, tecnologia, inovação e educação e desenvolver uma grande tradição nestas áreas.

Se retrocedermos, o esforço realizado poderá levar a uma grande perda de recursos financeiros. Se continuar esta política de investimento poderemos chegar a uma posição de destaque no mundo científico e educacional.

Este é o momento de consolidar o nosso sistema de formação de novos talentos e nossos projetos, assegurando o financiamento educacional e da pesquisa, mantendo a viabilidade, cada vez maior, dos pesquisadores e professores criativos e produtivos e dos novos grupos emergentes.

Sabe-se que conhecimento e cultura de um país estão diretamente relacionados com o grau educacional da população e investimento de recursos financeiros públicos e das empresas nas áreas de educação, ciência, tecnologia e inovação. Isto leva ao fortalecimento das instituições científicas, universidades, escolas técnicas e do parque industrial.

Esses recursos aplicados em pesquisa básica colocam o país na linha de frente na geração do conhecimento.

As verbas alocadas na ciência aplicada refletem no aumento industrial e comercial. É um equívoco seguir a noção simplista e obsoleta de que um país pode viver somente de transferir tecnologia, se ao mesmo tempo dificulta a geração de conhecimento novo.

Finalmente, o apoio às ciências sociais e humanas projeta a cultura e a história, tão importantes ao país. É o momento de os novos governantes acreditarem que colocar recursos financeiros na pesquisa e educação é o melhor investimento para o futuro do país.

Eloi Garcia é pesquisador do IOC e ex-presidente da Fiocruz.

Artigo originalmente publicado em O Globo, 03/10/10

04/10/10

Pesquisador diz que nosso sistema de ciência, tecnologia, inovação e educação ainda é muito frágil e, por isto, necessita de preocupação constante de nossos futuros governantes
Por: 
jornalismo

Sempre que há mudança de governo uma coisa preocupa os cientistas e os professores: o investimento do futuro gestor em ciência, tecnologia, inovação e educação. Ainda não ouvimos os candidatos explicitar com maiores detalhes o que farão nessas áreas. Existem muitas sombras, mas também algumas luzes. Reconhecemos que nos últimos anos o orçamento dessas áreas tem aumentado substancialmente. Isto se reflete no aumento da produção de técnicos em diversas áreas, na formação de nossos pós-graduandos e da produção científica tanto em quantidade (este é um fato já bem conhecido da comunidade) como em qualidade (este é menos reconhecido, mas já visto por inúmeros pesquisadores que se preocupam com a publicação em revistas de impacto e o número de citações).



No entanto o nosso sistema de ciência, tecnologia, inovação e educação ainda é muito frágil e, por isto, necessita de preocupação constante de nossos futuros governantes. A única maneira de o país continuar crescendo é investir em ciência, tecnologia, inovação e educação e desenvolver uma grande tradição nestas áreas.



Se retrocedermos, o esforço realizado poderá levar a uma grande perda de recursos financeiros. Se continuar esta política de investimento poderemos chegar a uma posição de destaque no mundo científico e educacional.



Este é o momento de consolidar o nosso sistema de formação de novos talentos e nossos projetos, assegurando o financiamento educacional e da pesquisa, mantendo a viabilidade, cada vez maior, dos pesquisadores e professores criativos e produtivos e dos novos grupos emergentes.



Sabe-se que conhecimento e cultura de um país estão diretamente relacionados com o grau educacional da população e investimento de recursos financeiros públicos e das empresas nas áreas de educação, ciência, tecnologia e inovação. Isto leva ao fortalecimento das instituições científicas, universidades, escolas técnicas e do parque industrial.



Esses recursos aplicados em pesquisa básica colocam o país na linha de frente na geração do conhecimento.



As verbas alocadas na ciência aplicada refletem no aumento industrial e comercial. É um equívoco seguir a noção simplista e obsoleta de que um país pode viver somente de transferir tecnologia, se ao mesmo tempo dificulta a geração de conhecimento novo.



Finalmente, o apoio às ciências sociais e humanas projeta a cultura e a história, tão importantes ao país. É o momento de os novos governantes acreditarem que colocar recursos financeiros na pesquisa e educação é o melhor investimento para o futuro do país.



Eloi Garcia é pesquisador do IOC e ex-presidente da Fiocruz.



Artigo originalmente publicado em O Globo, 03/10/10



04/10/10

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)