Portuguese English Spanish
Interface
Adjust the interface to make it easier to use for different conditions.
This renders the document in high contrast mode.
This renders the document as white on black
This can help those with trouble processing rapid screen movements.
This loads a font easier to read for people with dyslexia.
Busca Avançada
Você está aqui: Notícias » Reconhecimento no Prêmio Oswaldo Cruz de Teses

Reconhecimento no Prêmio Oswaldo Cruz de Teses

Estudo da Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular sobre mecanismos que podem contribuir para autoimunidade em doenças genéticas raras recebeu menção honrosa
Por Maíra Menezes28/09/2020 - Atualizado em 09/03/2021

Desenvolvida na Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), a pesquisa de doutorado da biomédica Larissa Vasconcelos Fontes recebeu menção honrosa no Prêmio Oswaldo Cruz de Teses, concedido pela Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O estudo foi reconhecido na área de ‘Ciências biológicas aplicadas e biomedicina’. Orientado pelo pesquisador Vinícius Cotta de Almeida, chefe do Laboratório de Pesquisa sobre o Timo do IOC, o trabalho apontou mecanismos que podem contribuir para a desregulação do sistema imune em duas doenças genéticas raras: a Síndrome de Wiskott-Aldrich e a neutropenia ligada ao cromossomo X.

Os dois agravos são causados por mutações em um único gene, que orienta a produção da proteína chamada de WASp, responsável pela organização do citoesqueleto nas células sanguíneas. As pessoas com Síndrome de Wiskott-Aldrich apresentam alterações genéticas que provocam perda de função desta molécula. A doença é marcada por baixo número de plaquetas no sangue e deficiência da resposta imune, o que acarreta infecções recorrentes. Esses pacientes têm ainda alto risco de evoluir para quadros de autoimunidade, em que o sistema imunológico agride células do próprio organismo, causando problemas como vasculite e doença inflamatória intestinal.

Já os indivíduos com neutropenia ligada ao cromossomo X são portadores de mutações que causam atividade exacerbada da proteína WASp. A principal característica do agravo é a neutropenia severa, isto é, baixo número de neutrófilos no sangue. Como essas células atuam no combate a bactérias e fungos, essas pessoas apresentam infecções frequentes. Além disso, têm alto risco para a leucemia.

Células reguladoras em foco

Considerando que a autoimunidade pode fazer parte das doenças causadas por mutações na proteína WASp, a tese investigou de que forma as diferentes alterações genéticas afetam as células T reguladoras no timo, órgão onde ocorre a diferenciação dos linfócitos T. Enquanto a função de outros tipos de linfócitos T é combater infecções, os linfócitos T reguladores (também conhecidos como células T reguladoras) atuam para suprimir a resposta imune inadequada, evitando especialmente a agressão do sistema imune ao próprio organismo.

O estudo foi realizado com camundongos que são considerados modelos para o estudo dos agravos. As análises apontaram baixo nível de células T reguladoras no timo dos animais tanto nos modelos da Síndrome de Wiskott-Aldrich, quanto da neutropenia ligada ao X. Ensaios realizados em laboratório demonstraram que as células precursoras dos linfócitos T reguladores provenientes de camundongos com mutações da Síndrome de Wiskott-Aldrich tinham menor capacidade de diferenciação e proliferação e maior taxa de morte celular. Por outro lado, as células obtidas de animais com mutações da neutropenia ligada ao X pareciam proliferar normalmente, sugerindo que sua redução no timo pode ser causada pelo baixo número de células precursoras presentes no órgão.

De acordo com a autora, a compreensão dos mecanismos envolvidos na diferenciação de células T reguladoras em animais considerados modelos dos agravos poderá auxiliar no entendimento dos processos de autoimunidade observados nos pacientes com Síndrome de Wiskott-Aldrich e neutropenia ligada ao X. “O resultado mais interessante é que [a proteína] WASp tem papel fundamental na proliferação e diferenciação [das células T reguladoras], e sua ausência prejudica esses eventos no timo. Dessa forma, esse trabalho traz novidades na biologia celular do timo, assim como novos conhecimentos sobre as deficiências promovidas pela ausência ou hiperexpressão dessa proteína na biologia das células T reguladoras”, afirma Larissa na conclusão da tese ‘Diferenciação de células T reguladoras tímicas em camundongos geneticamente mutantes em WASp’.

Estudo da Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular sobre mecanismos que podem contribuir para autoimunidade em doenças genéticas raras recebeu menção honrosa
Por: 
maira

Desenvolvida na Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), a pesquisa de doutorado da biomédica Larissa Vasconcelos Fontes recebeu menção honrosa no Prêmio Oswaldo Cruz de Teses, concedido pela Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O estudo foi reconhecido na área de ‘Ciências biológicas aplicadas e biomedicina’. Orientado pelo pesquisador Vinícius Cotta de Almeida, chefe do Laboratório de Pesquisa sobre o Timo do IOC, o trabalho apontou mecanismos que podem contribuir para a desregulação do sistema imune em duas doenças genéticas raras: a Síndrome de Wiskott-Aldrich e a neutropenia ligada ao cromossomo X.

Os dois agravos são causados por mutações em um único gene, que orienta a produção da proteína chamada de WASp, responsável pela organização do citoesqueleto nas células sanguíneas. As pessoas com Síndrome de Wiskott-Aldrich apresentam alterações genéticas que provocam perda de função desta molécula. A doença é marcada por baixo número de plaquetas no sangue e deficiência da resposta imune, o que acarreta infecções recorrentes. Esses pacientes têm ainda alto risco de evoluir para quadros de autoimunidade, em que o sistema imunológico agride células do próprio organismo, causando problemas como vasculite e doença inflamatória intestinal.

Já os indivíduos com neutropenia ligada ao cromossomo X são portadores de mutações que causam atividade exacerbada da proteína WASp. A principal característica do agravo é a neutropenia severa, isto é, baixo número de neutrófilos no sangue. Como essas células atuam no combate a bactérias e fungos, essas pessoas apresentam infecções frequentes. Além disso, têm alto risco para a leucemia.

Células reguladoras em foco

Considerando que a autoimunidade pode fazer parte das doenças causadas por mutações na proteína WASp, a tese investigou de que forma as diferentes alterações genéticas afetam as células T reguladoras no timo, órgão onde ocorre a diferenciação dos linfócitos T. Enquanto a função de outros tipos de linfócitos T é combater infecções, os linfócitos T reguladores (também conhecidos como células T reguladoras) atuam para suprimir a resposta imune inadequada, evitando especialmente a agressão do sistema imune ao próprio organismo.

O estudo foi realizado com camundongos que são considerados modelos para o estudo dos agravos. As análises apontaram baixo nível de células T reguladoras no timo dos animais tanto nos modelos da Síndrome de Wiskott-Aldrich, quanto da neutropenia ligada ao X. Ensaios realizados em laboratório demonstraram que as células precursoras dos linfócitos T reguladores provenientes de camundongos com mutações da Síndrome de Wiskott-Aldrich tinham menor capacidade de diferenciação e proliferação e maior taxa de morte celular. Por outro lado, as células obtidas de animais com mutações da neutropenia ligada ao X pareciam proliferar normalmente, sugerindo que sua redução no timo pode ser causada pelo baixo número de células precursoras presentes no órgão.

De acordo com a autora, a compreensão dos mecanismos envolvidos na diferenciação de células T reguladoras em animais considerados modelos dos agravos poderá auxiliar no entendimento dos processos de autoimunidade observados nos pacientes com Síndrome de Wiskott-Aldrich e neutropenia ligada ao X. “O resultado mais interessante é que [a proteína] WASp tem papel fundamental na proliferação e diferenciação [das células T reguladoras], e sua ausência prejudica esses eventos no timo. Dessa forma, esse trabalho traz novidades na biologia celular do timo, assim como novos conhecimentos sobre as deficiências promovidas pela ausência ou hiperexpressão dessa proteína na biologia das células T reguladoras”, afirma Larissa na conclusão da tese ‘Diferenciação de células T reguladoras tímicas em camundongos geneticamente mutantes em WASp’.

Edição: 
Vinicius Ferreira

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)