Desenvolver pesquisa de alta qualidade, interpretar e compartilhar dados da circulação na América do Sul do vírus influenza H1N1, o mesmo que causou uma pandemia em 2009.
Esse é o tripé que sustenta o 2º Curso de Treinamento da Rede Sul-Americana de Vigilância do Influenza à Suscetibilidade Antiviral, que acontece desde segunda-feira (31/10) no Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), no Rio de Janeiro, com a presença de representantes de cinco países, além do Brasil: Argentina, Chile, Colômbia, Peru e Uruguai.
O treinamento é ministrado por especialistas brasileiros do IOC e pela virologista Angie Lackenbly, da Unidade de Vírus Respiratório da Health Protection Agency (HPA), agência de saúde criada em 2003 e ligada ao governo do Reino Unido.
O curso é organizado pelo Laboratório de Vírus Respiratório e Sarampo do IOC, que atua como referência nacional no tema junto ao Ministério da Saúde, e acontece até a próxima segunda-feira (07/11).
"O estabelecimento de uma rede de monitoramento e um banco de dados online na América do Sul é fundamental, pois é difícil prever como o vírus vai agir no futuro, em termos de quais subtipos vão circular”, afirma a pesquisadora inglesa, Angie Lackenbly, que está pela primeira vez no Brasil. Foto: Peter IliccievSegundo Angie, já existe no continente europeu uma rede de laboratórios de referência para coletar dados sobre o vírus Influenza H1N1 e a resistência deste vírus aos medicamentos antivirais disponíveis.
“Há seis anos foi fundada na Europa uma rede de informações para rastrear dados do vírus Influenza. A vigilância do vírus A (H1N1) a antivirais ganhou prioridade devido à pandemia de 2009”, disse.
A especialista vem trabalhando atualmente com países sul-americanos para estabelecer uma Rede de Vigilância Regional a Antivirais e um banco de dados online para a comparação e o intercâmbio de informações sobre o tema.
“Essa rede já vem sendo estabelecida na Europa com a participação de 17 países. Cada laboratório cruza dados sobre pesquisas do H1N1 e disponibiliza as informações na internet. Assim, analisamos, produzimos relatórios e resumimos os dados para então repassá-los à Organização Mundial da Saúde [OMS]”, conta.
Segundo a especialista, é necessário gerar uma boa fotografia da situação do vírus na América do Sul para não haver nenhuma lacuna para a comunidade científica internacional. Para ela, o Laboratório de Vírus Respiratório e Sarampo do IOC é essencial para encabeçar e estabelecer uma rede de monitoramento na região.
“A HPA tem uma longa trajetória de colaboração com a Fiocruz e nós decidimos que, para se desenvolver um bom projeto de treinamento, teria que ser feito aqui na Fundação. Queremos treinar estes cinco países para que eles realizem melhor suas atividades e, mesmo que ainda seus laboratórios não tenham equipamentos como a Fiocruz possui, possam usar o banco de dados online”, disse Angie.
Para Marilda Siqueira, chefe do Laboratório de Vírus Respiratório e Sarampo, mesmo sem acesso aos equipamentos necessários para as pesquisas científicas, os países têm o compromisso de repassar as informações online para as instituições de saúde.
“Não temos certeza sobre quando estes laboratórios terão disponibilidade em comprar equipamentos para continuar o projeto, mas acredito que num futuro próximo isso será possível. Vamos continuar trabalhando com eles e as amostras serão enviadas ao HPA ou ao nosso laboratório enquanto eles não adquirirem os equipamentos”, pontua.
Equipe de pesquisadores que participam do 2º Curso de Treinamento da Rede Sul-Americana de Vigilância do Influenza à Suscetibilidade Antiviral, no Laboratório de Vírus Respiratório e Sarampo do IOC. Foto: Peter Ilicciev
“Em comparação com os outros países da América Latina, a Fiocruz está alguns passos à frente, pois começamos a implementar algumas técnicas [iniciadas durante a pandemia de 2009] que são importantes para a análise da circulação do vírus resistente. Os países envolvidos neste treinamento ainda têm que adquirir todo o material, não só o insumo. Eles precisam ter o expertise técnico para realizar e conseguir interpretar bem os dados”, reforça Thiago Moreno, pesquisador do Laboratório de Vírus Respiratório e Sarampo do IOC.
Marilda Siqueira afirma que há muitos anos o vírus Influenza é prioridade para a OMS e muitos países, não somente na Europa. Porém, o que existe hoje é uma preocupação de uma nova pandemia de H1N1, mais grave do que a registrada em 2009.
“Existem muitas formas de monitorar o H1N1. Uma delas é verificar anualmente quais os pontos fortes do vírus, pois ele pode se modificar geneticamente. Isto é essencial para a produção de novas vacinas, que também são adequadas com pequenas modificações a cada ano. Outra forma de monitoramento do H1N1, que vem sendo priorizada para diversos países e para a OMS, é a verificação da resistência do vírus aos antivirais. Existem pouquíssimos antivirais eficientes contra Influenza”, sublinha a pesquisadora.
Alguns subtipos do vírus tornaram-se resistentes aos medicamentos que estão hoje disponíveis, como o Tamiflu e o Relenza (usados na pandemia de gripe A).
Para Marilda, vacinar é uma forma de prevenir e combater o H1N1.
“Agora, temos que ficar atentos a uma questão: quando o vírus se torna resistente a antivirais, temos que saber não só como, mas também se alguns marcadores de resistência do vírus podem estar presentes em casos especiais, em alguns pacientes ou em alguma outra situação. Por isso que foi fundado na Europa um grupo para monitorar o vírus de forma mais consistente em relação à resistência e à suscetibilidade para os diferentes antivirais. Temos o mesmo objetivo aqui na América do Sul”, finaliza.
Desenvolver pesquisa de alta qualidade, interpretar e compartilhar dados da circulação na América do Sul do vírus influenza H1N1, o mesmo que causou uma pandemia em 2009.
Esse é o tripé que sustenta o 2º Curso de Treinamento da Rede Sul-Americana de Vigilância do Influenza à Suscetibilidade Antiviral, que acontece desde segunda-feira (31/10) no Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), no Rio de Janeiro, com a presença de representantes de cinco países, além do Brasil: Argentina, Chile, Colômbia, Peru e Uruguai.
O treinamento é ministrado por especialistas brasileiros do IOC e pela virologista Angie Lackenbly, da Unidade de Vírus Respiratório da Health Protection Agency (HPA), agência de saúde criada em 2003 e ligada ao governo do Reino Unido.
O curso é organizado pelo Laboratório de Vírus Respiratório e Sarampo do IOC, que atua como referência nacional no tema junto ao Ministério da Saúde, e acontece até a próxima segunda-feira (07/11).
"O estabelecimento de uma rede de monitoramento e um banco de dados online na América do Sul é fundamental, pois é difícil prever como o vírus vai agir no futuro, em termos de quais subtipos vão circular”, afirma a pesquisadora inglesa, Angie Lackenbly, que está pela primeira vez no Brasil. Foto: Peter IliccievSegundo Angie, já existe no continente europeu uma rede de laboratórios de referência para coletar dados sobre o vírus Influenza H1N1 e a resistência deste vírus aos medicamentos antivirais disponíveis.
“Há seis anos foi fundada na Europa uma rede de informações para rastrear dados do vírus Influenza. A vigilância do vírus A (H1N1) a antivirais ganhou prioridade devido à pandemia de 2009”, disse.
A especialista vem trabalhando atualmente com países sul-americanos para estabelecer uma Rede de Vigilância Regional a Antivirais e um banco de dados online para a comparação e o intercâmbio de informações sobre o tema.
“Essa rede já vem sendo estabelecida na Europa com a participação de 17 países. Cada laboratório cruza dados sobre pesquisas do H1N1 e disponibiliza as informações na internet. Assim, analisamos, produzimos relatórios e resumimos os dados para então repassá-los à Organização Mundial da Saúde [OMS]”, conta.
Segundo a especialista, é necessário gerar uma boa fotografia da situação do vírus na América do Sul para não haver nenhuma lacuna para a comunidade científica internacional. Para ela, o Laboratório de Vírus Respiratório e Sarampo do IOC é essencial para encabeçar e estabelecer uma rede de monitoramento na região.
“A HPA tem uma longa trajetória de colaboração com a Fiocruz e nós decidimos que, para se desenvolver um bom projeto de treinamento, teria que ser feito aqui na Fundação. Queremos treinar estes cinco países para que eles realizem melhor suas atividades e, mesmo que ainda seus laboratórios não tenham equipamentos como a Fiocruz possui, possam usar o banco de dados online”, disse Angie.
Para Marilda Siqueira, chefe do Laboratório de Vírus Respiratório e Sarampo, mesmo sem acesso aos equipamentos necessários para as pesquisas científicas, os países têm o compromisso de repassar as informações online para as instituições de saúde.
“Não temos certeza sobre quando estes laboratórios terão disponibilidade em comprar equipamentos para continuar o projeto, mas acredito que num futuro próximo isso será possível. Vamos continuar trabalhando com eles e as amostras serão enviadas ao HPA ou ao nosso laboratório enquanto eles não adquirirem os equipamentos”, pontua.
Equipe de pesquisadores que participam do 2º Curso de Treinamento da Rede Sul-Americana de Vigilância do Influenza à Suscetibilidade Antiviral, no Laboratório de Vírus Respiratório e Sarampo do IOC. Foto: Peter Ilicciev“Em comparação com os outros países da América Latina, a Fiocruz está alguns passos à frente, pois começamos a implementar algumas técnicas [iniciadas durante a pandemia de 2009] que são importantes para a análise da circulação do vírus resistente. Os países envolvidos neste treinamento ainda têm que adquirir todo o material, não só o insumo. Eles precisam ter o expertise técnico para realizar e conseguir interpretar bem os dados”, reforça Thiago Moreno, pesquisador do Laboratório de Vírus Respiratório e Sarampo do IOC.
Marilda Siqueira afirma que há muitos anos o vírus Influenza é prioridade para a OMS e muitos países, não somente na Europa. Porém, o que existe hoje é uma preocupação de uma nova pandemia de H1N1, mais grave do que a registrada em 2009.
“Existem muitas formas de monitorar o H1N1. Uma delas é verificar anualmente quais os pontos fortes do vírus, pois ele pode se modificar geneticamente. Isto é essencial para a produção de novas vacinas, que também são adequadas com pequenas modificações a cada ano. Outra forma de monitoramento do H1N1, que vem sendo priorizada para diversos países e para a OMS, é a verificação da resistência do vírus aos antivirais. Existem pouquíssimos antivirais eficientes contra Influenza”, sublinha a pesquisadora.
Alguns subtipos do vírus tornaram-se resistentes aos medicamentos que estão hoje disponíveis, como o Tamiflu e o Relenza (usados na pandemia de gripe A).
Para Marilda, vacinar é uma forma de prevenir e combater o H1N1.
“Agora, temos que ficar atentos a uma questão: quando o vírus se torna resistente a antivirais, temos que saber não só como, mas também se alguns marcadores de resistência do vírus podem estar presentes em casos especiais, em alguns pacientes ou em alguma outra situação. Por isso que foi fundado na Europa um grupo para monitorar o vírus de forma mais consistente em relação à resistência e à suscetibilidade para os diferentes antivirais. Temos o mesmo objetivo aqui na América do Sul”, finaliza.
Texto de João Paulo Soldati
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)