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Retrospectiva IOC 2024: confira o que foi destaque no Instituto

Em ano marcado por muitos acontecimentos, contribuições científicas relevantes dividiram espaço com ações de cooperação e internacionalização
Por Vinicius Ferreira18/12/2024 - Atualizado em 08/01/2025

De Manguinhos para o mundo. O ano de 2024 do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) foi marcado por resultados de pesquisas que foram notícias Brasil afora, tanto as desenvolvidas na Unidade, quanto aquelas em parceria com cientistas da casa.  

O estudo pioneiro que identificou a contaminação de tubarões por cocaína no Rio de Janeiro alcançou impacto internacional. De forma também inédita, o Instituto protagonizou a liderança de estudos clínicos para uma vacina para hanseníase, que em breve iniciará testes no Brasil. O país ocupa a triste posição de segundo maior número de casos no mundo.

Pesquisa que identificou a presença de cocaína no organismo de tubarões foi destaque nos mais diversos veículos da imprensa nacional e internacional. Fotos: reprodução internet

Em outra frente, especialistas acenderam alerta para o aumento de novos casos de infecção por HIV entre homens jovens que fazem sexo com homens (grupo conhecido como ‘jovens HSH’). Ao mesmo tempo, firmaram parceria na busca para viabilizar a produção de bioimpressora 3D de baixo custo para produção de tecidos biológicos. O material usado para a construção surpreende: sucata. 

Além disso, cientistas do Instituto abriram portas para o desenvolvimento de novos tratamentos para a esquistossomose, contribuíram na descrição de novas espécies de parasitos de peixes e integraram projeto que busca estabelecer sistemas de informação para apoiar populações do Brasil e da África na resposta a transformações ambientais.   

Pesquisas com vetores, saúde única e produção de tecidos em 3D: cientistas trabalharam arduamente em prol da saúde da população

Em trabalhos de investigação epidemiológica e de vigilância laboratorial, foi confirmada a presença do verme causador de meningite eosinofílica em caramujos e ratos na baixada fluminense. Diante de arbovirose emergente no país, o Instituto dedicou esforços sobre o Oropouche, incluindo o primeiro diagnóstico de paciente no Rio de Janeiro, um caso de transmissão vertical em um feto no Ceará e a descrição da linhagem do vírus associado ao surto na região amazônica. 

Já na frente de estudos sobre o mosquito envolvido no ciclo de transmissão do vírus, elaboraram orientações para vigilância de maruins e ofereceram curso online para preparar os serviços de saúde locais para a identificação desse vetor.

Notoriedade: trabalho do Instituto foi reconhecido pelo MS e Opas e cientista integrou cúpula pré G20

O prestígio científico do Instituto ganhou expressão em dois episódios importantes: na participação de pesquisadora na cúpula de engajamento para ciência e tecnologia do G20 e no reconhecimento por parte do Ministério da Saúde e da Organização Pan-Americana da Saúde nas contribuições para a reconquista do certificado de eliminação do sarampo em território nacional. 

Cooperação e internacionalização

Duas palavras ilustram de modo certeiro muitas das ações que marcaram o 2024 do IOC: cooperação e internacionalização.

O ano mal começara e uma comitiva do Instituto estava a postos em Brasília para o cumprimento de intensa agenda de articulação com diversos parceiros dos Ministérios da Saúde, da Ciência, Tecnologia e Inovação e da Educação. 

Reuniões com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) também estiveram na agenda institucional. O resultado destas articulações está expresso no programa para estímulo à interiorização da pesquisa e da formação de recursos humanos na pós-graduação, recém-lançado pelo Governo Federal. 

O fortalecimento de colaborações estratégicas para o enfrentamento de doenças transmissíveis, com ênfase naquelas consideradas negligenciadas, foi pauta de visita de representantes do Ministério da Saúde às instalações do Instituto.

Projetos de pesquisa em clima, saúde e biodiversidade estiveram entre os destaques do ano

Para fortalecer a integração com a região Centro-Oeste, o IOC inaugurou o Centro de Estudos e Pesquisa em Atenção Integral à Saúde e Vigilância em Doença de Chagas (CEPAV-Chagas). O espaço, criado em parceria com a Prefeitura Municipal de Posse (Goiás), pretende impulsionar estudos sobre a doença de Chagas, além de oferecer diagnóstico, acolhimento e tratamento para pessoas afetadas pelo agravo. 

Subindo para o Norte do país, mais uma novidade: o Centro de Estudos e Pesquisas em Ambiente, Biodiversidade e Mudanças Climáticas (Cepab-Clima) foi estruturado no Acre para apoiar projetos e ações voltadas para a região amazônica. A expectativa é de que o novo espaço, fruto de parceria com o Instituto Federal do Acre (Ifac), abrigue cursos de qualificação e um programa de pós-graduação. 

No mesmo estado, o IOC debateu avanços na cooperação com renomadas instituições locais para estabelecimento de parcerias em ensino, pesquisa em saúde e diagnóstico de doenças. 

A temática clima e ambiente também esteve em pauta na integração com o Sudeste, por meio de convênio firmado com a prefeitura de Niterói (RJ) para educação climática. A iniciativa vai possibilitar a construção participativa de um programa para sensibilização e qualificação no assunto.  

Dentro e fora do Brasil, as ações de cooperação e internacionalização somam dezenas de atividades

Já na capital fluminense, foi realizado um curso de qualificação profissional em educação ambiental crítica destinado a lideranças femininas comunitárias que atuam em territórios vulneráveis no Rio de Janeiro. Parceria com a Prefeitura do Rio, o projeto valoriza e empodera mulheres de diferentes localidades da cidade, além de contribuir para a preservação da Mata Atlântica. 

Em projetos articulados com o Instituto Pró-Saber, dedicado à formação de professores que trabalham em creches de comunidades do Rio de Janeiro, foram firmadas cooperações em atividades de extensão por meio do Programa IOC + Escolas e da rede Ciência, Arte e Cidadania. Também teve início conversas para parceria em projeto de construção de um museu a céu aberto que articula ecologia integral, arte, ciência e educação.

E, em mais um ano, os laços da cooperação entre Brasil e África foram fortalecidos. Foram realizadas ações de cooperação junto ao Instituto Nacional de Saúde (INS) de Moçambique, órgão vinculado ao Ministério da Saúde local, nas áreas de bioinformática – com curso sobre análise de dados de RNAseq, montagem de genomas e análises filogenéticas – e comunicação – com treinamento de porta-vozes e consultorias.

Continuando o sobrevoo por terras estrangeiras, os Programas de Pós-graduação do Instituto foram responsáveis pela organização ou coorganização de mais de uma dezena de cursos de abrangência internacional, que contribuíram para o intercâmbio de conhecimento entre docentes, discentes e pesquisadores de renomadas instituições. 

Daqui pra lá e de lá pra cá: cursos de abrangência internacional promoveram o intercâmbio entre docentes e estudantes de vários países

Na Espanha, por exemplo, foi realizado um workshop sobre modelagem de transbordamento de parasitos. Já no Paraguai foi promovido evento sobre estratégias colaborativas para a saúde global, enquanto na Argentina foi oferecido curso sobre desenho de fármacos.

Na mão reversa deste movimento, cientistas de várias nacionalidades pousaram em território brasileiro. Por aqui, aconteceram cursos sobre single-cell transcriptômica, cuidado mental no pós-pandemia de Covid-19, funções imunitárias, imunologia das mucosas, ecologia e modelagem de doenças da vida silvestre, identificação de mosquitos vetores, articulação de jogos com a saúde e o ensino, mobilidade acadêmica, redação e avaliação científica e doenças infecciosas neurológicas

Ensino 

Para além do alto nível científico dos cursos internacionais promovidos, o Ensino do Instituto Oswaldo Cruz teve outros motivos para comemorar.

Os Cursos de Férias alcançaram a notável marca de 30 edições, com impacto significativo na carreira e na vida de mais de 2.800 estudantes de graduação de universidades públicas e privadas brasileiras. Já a Semana da Pós chegou à 10ª edição marcada por temas que impactam diretamente o dia a dia dos discentes. 

A Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular celebrou 35 anos de criação, com a formação de excelência de mais de 1.430 mestres e doutores. E a Pós-graduação em Ensino em Biociências e Saúde festejou 20 anos de atividades, com mais de 300 titulações concluídas. 

Em 2024, o Ensino no IOC teve muitos motivos para comemorar

Em Rondônia, um consórcio com participação de cinco programas de Pós-graduação do IOC foi responsável por formar onze novos doutores no estado.

No Amapá, o Instituto estabeleceu os primeiros entendimentos para o estabelecimento de parcerias com a Universidade Federal e o Instituto Federal local, com a meta de ampliar a formação de doutores no estado. 

Na vizinha Roraima, teve início o Programa de Doutorado Interinstitucional (Dinter) coordenado pela Pós em Medicina Tropical. Nesta iniciativa, o foco é a formação de médicos, enfermeiros, biólogos, biomédicos e educadores físicos. 

Um doutorado inédito promovido pela Pós em Ensino em Biociências e Saúde possibilitará que profissionais do Piauí desenvolvam habilidades para docência de ensino superior e novas metodologias e produtos para educação e divulgação científica. 

Já o Programa de Pós em Vigilância e Controle de Vetores levou curso de mestrado a profissionais que atuam no serviço público de saúde de Minas Gerais

Vigilância em saúde 

Na linha de frente de respostas à saúde pública, o IOC atuou em ações estratégicas nas esferas municipal, estadual, federal e internacional.   

Com suporte de organizações e entidades globais, o Instituto contribuiu para formulação de políticas de preparação para pandemias, passou a integrar rede para vigilância do coronavírus e organizou treinamento para predição do surgimento de variantes virais

Instituto integrou diversos projetos de vigilância, sempre pronto a responder a atuais e possíveis problemas de saúde pública

Em parceria com o Ministério da Saúde, especialistas participaram de oficina para elaboração de plano de ação em arboviroses, realizaram capacitação em sequenciamento de bactérias resistentes a antibióticos e em atuação em laboratórios de nível de biossegurança 3.

Também lideraram a criação de plataforma dedicada ao monitoramento da resistência antimicrobiana no Brasil e implementaram metodologia para detecção de áreas com maior risco de transmissão da doença de Chagas.  

Com secretarias de saúde espalhadas pelo país, foi possível elaborar painel para vigilância de arboviroses, criar ferramenta online para identificação de vetores de Chagas e realizar capacitação de profissionais de saúde em malacologia.

Promoção da saúde e divulgação científica

Durante todo o ano, equipes do Instituto integraram forças-tarefas em iniciativas de promoção à saúde, com destaque para o envio de insumos para diagnóstico de leptospirose no Rio Grande do Sul, em apoio à resposta à tragédia causadas por fortes chuvas na região. 

Também foi desenvolvido curso online e gratuito sobre a doença, infográfico sobre a bactéria Leptospira e orientações de prevenção à pediculose em abrigos, devido à aglomeração de pessoas desabrigadas e desalojadas. 

O Programa IOC + Escolas promoveu educação em ciências, promoção da saúde e divulgação científica em diversas escolas da rede pública de ensino do Estado do Rio de Janeiro.   

Contribuindo em emergências em saúde ou levando a ciência para escolas e praças: lá estavam pesquisadores e estudantes do IOC

Em resposta à elevada incidência de casos de dengue no Brasil em 2024, o Instituto preparou um infográfico com características do mosquito Aedes aegypti e compilou em uma página diversos produtos e iniciativas sobre o vetor para facilitar o compartilhamento de informação confiável.  

Os ambulatórios de atendimento a hepatites virais e hanseníase participaram ativamente de mutirões com foco na saúde da população. E os integrantes do ‘Expresso Chagas 21’ levaram engajamento contra a doença de Chagas para cidades de Goiás e Minas Gerais. 

Já em Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, milhares de pessoas foram impactadas em grandes eventos, como Fiocruz pra Você, Semana Nacional de Ciência e Tecnologia e SBPC Jovem, além de iniciativas em praças e escolas.

Celebrações, prêmios e homenagens 

No ano em que o Instituto completou 124 anos, profissionais e estudantes reafirmaram a vocação institucional de contribuir para a construção democrática de políticas públicas em seus campos de atuação durante a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (5ª CNCTI). 

Também organizaram a Conferência Livre ‘Emergência Climática - uma questão de saúde única’ como parte da preparação para a 5ª Conferência Nacional de Meio Ambiente e Clima (5ª CNMA), prevista para 2025. 

2024 também foi marcado pelos 115 anos da descoberta da doença de Chagas pelo médico Carlos Chagas. Ele se tornou o primeiro pesquisador a descrever o ciclo completo de uma doença, incluindo a descrição do parasito, do vetor e do quadro clínico de pacientes.   

Chagas e seu feito histórico foram homenageados no projeto ‘Somos Manguinhos', que realizou mais duas edições: uma celebrou os Cursos de Aplicação do IOC, precursor da pós-graduação brasileira, e outra os 115 anos de criação da Revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz. 

Acima: Carlos Chagas (sentado à direita) em frente à casa onde, segundo relatos, ele teria tomado conhecimento dos barbeiros pela primeira vez (foto: acervo COC/Fiocruz). Abaixo: capa do segundo volume da revista, publicado em agosto de 1909 (foto: Josué Damacena)

Falando em celebrar, pesquisadores e estudantes tiveram muitos motivos para comemorar: foram mais de duas dezenas de prêmios, homenagens e reconhecimentos em diversas áreas do conhecimento, concedidos dentro e fora do país. 

Teve prêmio para tese sobre caracol africano, dissertação sobre fotografias de peças anatômicas do Museu da Patologia e trabalhos sobre tratamento para leishmaniose visceral, compostos farmacológicos contra Leishmanias, biomarcador relacionado ao desfecho terapêutico da leishmaniose, além de pesquisas sobre aprendizagem na primeira infância e técnicas de uso de infravermelho para diagnóstico da esquistossomose.  

A Academia Brasileira de Ciências (ABC) elegeu pesquisadora como membro da entidade, o Conselho Regional de Biologia concedeu título de biólogo(a) emérito(a) a quatro especialistas, o Conselho Internacional para Ciência de Animais de Laboratório reconheceu o trabalho desenvolvido por profissional da área e a Associação Internacional das Sociedades de Inflamação destacou contribuições de cientista no tema.

A comunidade do IOC conquistou mais de duas dezenas de prêmios, homenagens e reconhecimentos ao longo do ano

E não para por aí: jogo sobre dignidade menstrual foi premiado em evento nacional, imagem do vírus causador da Mpox conquistou prêmio do CNPq, a Presidência da Fiocruz concedeu honrarias a pesquisador e a teses do Instituto e o Prêmio Capes de Tese reconheceu trabalho orientado por pesquisadora do IOC. 

Além disso, a atuação na vigilância de infecções respiratórias foi destacada pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e virologista da equipe foi convidada a integrar grupo consultivo sobre evolução viral da Organização Mundial da Saúde.

Momento saudade 

Junto às conquistas e sorrisos, 2024 também teve momentos de luto e saudade. Em junho, o Instituto se despediu do ex-chefe do Laboratório de Imunoparasitologia, o pesquisador Sergio Coutinho Furtado de Mendonça, que atuou no desenvolvimento e avaliação de vacinas para leishmaniose. 

Da esquerda pra direita: David Brown, Ernesto Hofer, Rubens Pinto de Mello e Sergio Mendonça

Em setembro, o adeus foi para o entomologista Rubens Pinto de Mello, fundador do Laboratório de Díptera e do curso de especialização em Entomologia Médica.  

Em novembro, o expoente da microbiologia, Ernesto Hofer, morreu aos 87 anos, e o pesquisador visitante, David Brown, aos 71. 

Em ano marcado por muitos acontecimentos, contribuições científicas relevantes dividiram espaço com ações de cooperação e internacionalização
Por: 
viniciusferreira

De Manguinhos para o mundo. O ano de 2024 do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) foi marcado por resultados de pesquisas que foram notícias Brasil afora, tanto as desenvolvidas na Unidade, quanto aquelas em parceria com cientistas da casa.  

O estudo pioneiro que identificou a contaminação de tubarões por cocaína no Rio de Janeiro alcançou impacto internacional. De forma também inédita, o Instituto protagonizou a liderança de estudos clínicos para uma vacina para hanseníase, que em breve iniciará testes no Brasil. O país ocupa a triste posição de segundo maior número de casos no mundo.

Pesquisa que identificou a presença de cocaína no organismo de tubarões foi destaque nos mais diversos veículos da imprensa nacional e internacional. Fotos: reprodução internet

Em outra frente, especialistas acenderam alerta para o aumento de novos casos de infecção por HIV entre homens jovens que fazem sexo com homens (grupo conhecido como ‘jovens HSH’). Ao mesmo tempo, firmaram parceria na busca para viabilizar a produção de bioimpressora 3D de baixo custo para produção de tecidos biológicos. O material usado para a construção surpreende: sucata. 

Além disso, cientistas do Instituto abriram portas para o desenvolvimento de novos tratamentos para a esquistossomose, contribuíram na descrição de novas espécies de parasitos de peixes e integraram projeto que busca estabelecer sistemas de informação para apoiar populações do Brasil e da África na resposta a transformações ambientais.   

Pesquisas com vetores, saúde única e produção de tecidos em 3D: cientistas trabalharam arduamente em prol da saúde da população

Em trabalhos de investigação epidemiológica e de vigilância laboratorial, foi confirmada a presença do verme causador de meningite eosinofílica em caramujos e ratos na baixada fluminense. Diante de arbovirose emergente no país, o Instituto dedicou esforços sobre o Oropouche, incluindo o primeiro diagnóstico de paciente no Rio de Janeiro, um caso de transmissão vertical em um feto no Ceará e a descrição da linhagem do vírus associado ao surto na região amazônica. 

Já na frente de estudos sobre o mosquito envolvido no ciclo de transmissão do vírus, elaboraram orientações para vigilância de maruins e ofereceram curso online para preparar os serviços de saúde locais para a identificação desse vetor.

Notoriedade: trabalho do Instituto foi reconhecido pelo MS e Opas e cientista integrou cúpula pré G20

O prestígio científico do Instituto ganhou expressão em dois episódios importantes: na participação de pesquisadora na cúpula de engajamento para ciência e tecnologia do G20 e no reconhecimento por parte do Ministério da Saúde e da Organização Pan-Americana da Saúde nas contribuições para a reconquista do certificado de eliminação do sarampo em território nacional. 

Cooperação e internacionalização

Duas palavras ilustram de modo certeiro muitas das ações que marcaram o 2024 do IOC: cooperação e internacionalização.

O ano mal começara e uma comitiva do Instituto estava a postos em Brasília para o cumprimento de intensa agenda de articulação com diversos parceiros dos Ministérios da Saúde, da Ciência, Tecnologia e Inovação e da Educação. 

Reuniões com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) também estiveram na agenda institucional. O resultado destas articulações está expresso no programa para estímulo à interiorização da pesquisa e da formação de recursos humanos na pós-graduação, recém-lançado pelo Governo Federal. 

O fortalecimento de colaborações estratégicas para o enfrentamento de doenças transmissíveis, com ênfase naquelas consideradas negligenciadas, foi pauta de visita de representantes do Ministério da Saúde às instalações do Instituto.

Projetos de pesquisa em clima, saúde e biodiversidade estiveram entre os destaques do ano

Para fortalecer a integração com a região Centro-Oeste, o IOC inaugurou o Centro de Estudos e Pesquisa em Atenção Integral à Saúde e Vigilância em Doença de Chagas (CEPAV-Chagas). O espaço, criado em parceria com a Prefeitura Municipal de Posse (Goiás), pretende impulsionar estudos sobre a doença de Chagas, além de oferecer diagnóstico, acolhimento e tratamento para pessoas afetadas pelo agravo. 

Subindo para o Norte do país, mais uma novidade: o Centro de Estudos e Pesquisas em Ambiente, Biodiversidade e Mudanças Climáticas (Cepab-Clima) foi estruturado no Acre para apoiar projetos e ações voltadas para a região amazônica. A expectativa é de que o novo espaço, fruto de parceria com o Instituto Federal do Acre (Ifac), abrigue cursos de qualificação e um programa de pós-graduação. 

No mesmo estado, o IOC debateu avanços na cooperação com renomadas instituições locais para estabelecimento de parcerias em ensino, pesquisa em saúde e diagnóstico de doenças. 

A temática clima e ambiente também esteve em pauta na integração com o Sudeste, por meio de convênio firmado com a prefeitura de Niterói (RJ) para educação climática. A iniciativa vai possibilitar a construção participativa de um programa para sensibilização e qualificação no assunto.  

Dentro e fora do Brasil, as ações de cooperação e internacionalização somam dezenas de atividades

Já na capital fluminense, foi realizado um curso de qualificação profissional em educação ambiental crítica destinado a lideranças femininas comunitárias que atuam em territórios vulneráveis no Rio de Janeiro. Parceria com a Prefeitura do Rio, o projeto valoriza e empodera mulheres de diferentes localidades da cidade, além de contribuir para a preservação da Mata Atlântica. 

Em projetos articulados com o Instituto Pró-Saber, dedicado à formação de professores que trabalham em creches de comunidades do Rio de Janeiro, foram firmadas cooperações em atividades de extensão por meio do Programa IOC + Escolas e da rede Ciência, Arte e Cidadania. Também teve início conversas para parceria em projeto de construção de um museu a céu aberto que articula ecologia integral, arte, ciência e educação.

E, em mais um ano, os laços da cooperação entre Brasil e África foram fortalecidos. Foram realizadas ações de cooperação junto ao Instituto Nacional de Saúde (INS) de Moçambique, órgão vinculado ao Ministério da Saúde local, nas áreas de bioinformática – com curso sobre análise de dados de RNAseq, montagem de genomas e análises filogenéticas – e comunicação – com treinamento de porta-vozes e consultorias.

Continuando o sobrevoo por terras estrangeiras, os Programas de Pós-graduação do Instituto foram responsáveis pela organização ou coorganização de mais de uma dezena de cursos de abrangência internacional, que contribuíram para o intercâmbio de conhecimento entre docentes, discentes e pesquisadores de renomadas instituições. 

Daqui pra lá e de lá pra cá: cursos de abrangência internacional promoveram o intercâmbio entre docentes e estudantes de vários países

Na Espanha, por exemplo, foi realizado um workshop sobre modelagem de transbordamento de parasitos. Já no Paraguai foi promovido evento sobre estratégias colaborativas para a saúde global, enquanto na Argentina foi oferecido curso sobre desenho de fármacos.

Na mão reversa deste movimento, cientistas de várias nacionalidades pousaram em território brasileiro. Por aqui, aconteceram cursos sobre single-cell transcriptômica, cuidado mental no pós-pandemia de Covid-19, funções imunitárias, imunologia das mucosas, ecologia e modelagem de doenças da vida silvestre, identificação de mosquitos vetores, articulação de jogos com a saúde e o ensino, mobilidade acadêmica, redação e avaliação científica e doenças infecciosas neurológicas

Ensino 

Para além do alto nível científico dos cursos internacionais promovidos, o Ensino do Instituto Oswaldo Cruz teve outros motivos para comemorar.

Os Cursos de Férias alcançaram a notável marca de 30 edições, com impacto significativo na carreira e na vida de mais de 2.800 estudantes de graduação de universidades públicas e privadas brasileiras. Já a Semana da Pós chegou à 10ª edição marcada por temas que impactam diretamente o dia a dia dos discentes. 

A Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular celebrou 35 anos de criação, com a formação de excelência de mais de 1.430 mestres e doutores. E a Pós-graduação em Ensino em Biociências e Saúde festejou 20 anos de atividades, com mais de 300 titulações concluídas. 

Em 2024, o Ensino no IOC teve muitos motivos para comemorar

Em Rondônia, um consórcio com participação de cinco programas de Pós-graduação do IOC foi responsável por formar onze novos doutores no estado.

No Amapá, o Instituto estabeleceu os primeiros entendimentos para o estabelecimento de parcerias com a Universidade Federal e o Instituto Federal local, com a meta de ampliar a formação de doutores no estado. 

Na vizinha Roraima, teve início o Programa de Doutorado Interinstitucional (Dinter) coordenado pela Pós em Medicina Tropical. Nesta iniciativa, o foco é a formação de médicos, enfermeiros, biólogos, biomédicos e educadores físicos. 

Um doutorado inédito promovido pela Pós em Ensino em Biociências e Saúde possibilitará que profissionais do Piauí desenvolvam habilidades para docência de ensino superior e novas metodologias e produtos para educação e divulgação científica. 

Já o Programa de Pós em Vigilância e Controle de Vetores levou curso de mestrado a profissionais que atuam no serviço público de saúde de Minas Gerais

Vigilância em saúde 

Na linha de frente de respostas à saúde pública, o IOC atuou em ações estratégicas nas esferas municipal, estadual, federal e internacional.   

Com suporte de organizações e entidades globais, o Instituto contribuiu para formulação de políticas de preparação para pandemias, passou a integrar rede para vigilância do coronavírus e organizou treinamento para predição do surgimento de variantes virais

Instituto integrou diversos projetos de vigilância, sempre pronto a responder a atuais e possíveis problemas de saúde pública

Em parceria com o Ministério da Saúde, especialistas participaram de oficina para elaboração de plano de ação em arboviroses, realizaram capacitação em sequenciamento de bactérias resistentes a antibióticos e em atuação em laboratórios de nível de biossegurança 3.

Também lideraram a criação de plataforma dedicada ao monitoramento da resistência antimicrobiana no Brasil e implementaram metodologia para detecção de áreas com maior risco de transmissão da doença de Chagas.  

Com secretarias de saúde espalhadas pelo país, foi possível elaborar painel para vigilância de arboviroses, criar ferramenta online para identificação de vetores de Chagas e realizar capacitação de profissionais de saúde em malacologia.

Promoção da saúde e divulgação científica

Durante todo o ano, equipes do Instituto integraram forças-tarefas em iniciativas de promoção à saúde, com destaque para o envio de insumos para diagnóstico de leptospirose no Rio Grande do Sul, em apoio à resposta à tragédia causadas por fortes chuvas na região. 

Também foi desenvolvido curso online e gratuito sobre a doença, infográfico sobre a bactéria Leptospira e orientações de prevenção à pediculose em abrigos, devido à aglomeração de pessoas desabrigadas e desalojadas. 

O Programa IOC + Escolas promoveu educação em ciências, promoção da saúde e divulgação científica em diversas escolas da rede pública de ensino do Estado do Rio de Janeiro.   

Contribuindo em emergências em saúde ou levando a ciência para escolas e praças: lá estavam pesquisadores e estudantes do IOC

Em resposta à elevada incidência de casos de dengue no Brasil em 2024, o Instituto preparou um infográfico com características do mosquito Aedes aegypti e compilou em uma página diversos produtos e iniciativas sobre o vetor para facilitar o compartilhamento de informação confiável.  

Os ambulatórios de atendimento a hepatites virais e hanseníase participaram ativamente de mutirões com foco na saúde da população. E os integrantes do ‘Expresso Chagas 21’ levaram engajamento contra a doença de Chagas para cidades de Goiás e Minas Gerais. 

Já em Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, milhares de pessoas foram impactadas em grandes eventos, como Fiocruz pra Você, Semana Nacional de Ciência e Tecnologia e SBPC Jovem, além de iniciativas em praças e escolas.

Celebrações, prêmios e homenagens 

No ano em que o Instituto completou 124 anos, profissionais e estudantes reafirmaram a vocação institucional de contribuir para a construção democrática de políticas públicas em seus campos de atuação durante a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (5ª CNCTI). 

Também organizaram a Conferência Livre ‘Emergência Climática - uma questão de saúde única’ como parte da preparação para a 5ª Conferência Nacional de Meio Ambiente e Clima (5ª CNMA), prevista para 2025. 

2024 também foi marcado pelos 115 anos da descoberta da doença de Chagas pelo médico Carlos Chagas. Ele se tornou o primeiro pesquisador a descrever o ciclo completo de uma doença, incluindo a descrição do parasito, do vetor e do quadro clínico de pacientes.   

Chagas e seu feito histórico foram homenageados no projeto ‘Somos Manguinhos', que realizou mais duas edições: uma celebrou os Cursos de Aplicação do IOC, precursor da pós-graduação brasileira, e outra os 115 anos de criação da Revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz. 

Acima: Carlos Chagas (sentado à direita) em frente à casa onde, segundo relatos, ele teria tomado conhecimento dos barbeiros pela primeira vez (foto: acervo COC/Fiocruz). Abaixo: capa do segundo volume da revista, publicado em agosto de 1909 (foto: Josué Damacena)

Falando em celebrar, pesquisadores e estudantes tiveram muitos motivos para comemorar: foram mais de duas dezenas de prêmios, homenagens e reconhecimentos em diversas áreas do conhecimento, concedidos dentro e fora do país. 

Teve prêmio para tese sobre caracol africano, dissertação sobre fotografias de peças anatômicas do Museu da Patologia e trabalhos sobre tratamento para leishmaniose visceral, compostos farmacológicos contra Leishmanias, biomarcador relacionado ao desfecho terapêutico da leishmaniose, além de pesquisas sobre aprendizagem na primeira infância e técnicas de uso de infravermelho para diagnóstico da esquistossomose.  

A Academia Brasileira de Ciências (ABC) elegeu pesquisadora como membro da entidade, o Conselho Regional de Biologia concedeu título de biólogo(a) emérito(a) a quatro especialistas, o Conselho Internacional para Ciência de Animais de Laboratório reconheceu o trabalho desenvolvido por profissional da área e a Associação Internacional das Sociedades de Inflamação destacou contribuições de cientista no tema.

A comunidade do IOC conquistou mais de duas dezenas de prêmios, homenagens e reconhecimentos ao longo do ano

E não para por aí: jogo sobre dignidade menstrual foi premiado em evento nacional, imagem do vírus causador da Mpox conquistou prêmio do CNPq, a Presidência da Fiocruz concedeu honrarias a pesquisador e a teses do Instituto e o Prêmio Capes de Tese reconheceu trabalho orientado por pesquisadora do IOC. 

Além disso, a atuação na vigilância de infecções respiratórias foi destacada pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e virologista da equipe foi convidada a integrar grupo consultivo sobre evolução viral da Organização Mundial da Saúde.

Momento saudade 

Junto às conquistas e sorrisos, 2024 também teve momentos de luto e saudade. Em junho, o Instituto se despediu do ex-chefe do Laboratório de Imunoparasitologia, o pesquisador Sergio Coutinho Furtado de Mendonça, que atuou no desenvolvimento e avaliação de vacinas para leishmaniose. 

Da esquerda pra direita: David Brown, Ernesto Hofer, Rubens Pinto de Mello e Sergio Mendonça

Em setembro, o adeus foi para o entomologista Rubens Pinto de Mello, fundador do Laboratório de Díptera e do curso de especialização em Entomologia Médica.  

Em novembro, o expoente da microbiologia, Ernesto Hofer, morreu aos 87 anos, e o pesquisador visitante, David Brown, aos 71. 

Edição: 
Raquel Aguiar

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)