O Brasil é o paÃs que concentra o maior número de espécies de flebotomÃneos em todo o mundo. Esses insetos são responsáveis pela transmissão da Leishmaniose Visceral e da Leishmaniose Tegumentar, doenças causadas por protozoários do gênero Leishmania.
Conhecimentos acerca desses insetos de importância para a saúde pública foram reunidos no livro 'Brazilian Sand Flies', organizado pelos pesquisadores Elizabeth Ferreira Rangel, do Laboratório Interdisciplinar de Vigilância Entomológica em Diptera e Hemiptera do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e Jeffrey Shaw, do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP).
"Este é um livro dedicado aos flebotomÃneos do Brasil e sua importância médica, escrito em inglês. Produzimos um material de alta qualidade, a partir de uma bibliografia atualizada e com a colaboração de um grupo de especialistas em diferentes áreas do conhecimento. Os textos ricos e diversificados contemplam temas abrangentes, desde os métodos de capturas dos flebotomÃneos no campo à relação parasito-hospedeiro", destaca Rangel. A obra é uma versão atualizada do livro 'FlebotomÃneos do Brasil', publicado em 2003 pela editora Fiocruz e organizado por Elizabeth Rangel e pelo parasitologista Ralph Lainson, falecido em 2015, que atuava no Instituto Evandro Chagas, no Pará.
Segundo Rangel, a elaboração do livro em inglês tem por objetivo ampliar o alcance acerca do conhecimento das espécies brasileiras não somente a pesquisadores e estudantes nacionais, mas também estrangeiros.
O livro, que ainda inclui temas como a distribuição regional, aspectos da biologia e ecologia e a importância dos flebotomÃneos como vetores de patógenos e parasitas, pode ser adquirido nas versões fÃsica e e-book [clique aqui].
Pesquisadores e estudantes do IOC contribuÃram para a construção do livro Brazilian Sand Flies. Foto: Gutemberg Brito/IOC/Fiocruz
Perspectivas em destaque
A vigilância entomológica e o controle dos vetores das leishmanioses estão entre os destaques da publicação. Por meio da vigilância são investigadas caracterÃsticas biológicas e ecológicas dos insetos, além de aspectos da interação com humanos, reservatórios e o ambiente.
A ferramenta permite a detecção de mudanças no comportamento dos vetores que podem afetar o padrão de transmissão das doenças. Os dados podem indicar, ainda, as estratégias mais eficientes para o controle vetorial.
O uso de inseticidas (controle quÃmico), por exemplo, pode ser mais bem sucedido se a aplicação for realizada no perÃodo de maior densidade de insetos numa localidade. A obra também apresenta caracterÃsticas evolutivas, fisiológicas e anatômicas dos flebotomÃneos e propõe uma nova abordagem de classificação taxonômica. DistribuÃdo em mais de 200 páginas, o conteúdo reúne informações sobre a morfologia e terminologia de flebotomÃneos adultos das Américas, acompanhadas por um guia ilustrado para a identificação das espécies.
Segundo a publicação, o conhecimento acerca da evolução dos organismos tem se desenvolvido de forma cada vez mais dinâmica, o que tem provocado alterações na taxonomia e sistemática.
O livro Brazilian Sand Flies pode ser adquirido nas versões fÃsica e e-book. Josué Damacena/IOC/Fiocruz
Os impactos das mudanças climáticas nas dinâmicas das leishmanioses também fazem parte das abordagens. Doenças transmitidas por vetores são particularmente suscetÃveis a mudanças ambientais e climáticas uma vez que sua ocorrência depende do balanço ecológico entre diferentes espécies envolvidas nos ciclos de transmissão. A publicação destaca que os flebotomÃneos são afetados especialmente pelas chuvas, umidade e temperatura.
Essas variáveis influenciam sua distribuição, metabolismo e interações com parasitos do gênero Leishmania. Um dos impactos das mudanças climáticas na ecoepidemiologia das leishmanioses previsto por especialistas é a ampliação da distribuição geográfica dos vetores.
A publicação também conta com um capÃtulo que mostra que os flebotomÃneos brasileiros são hospedeiros de outros microrganismos além daqueles pertencentes ao gênero Leishmania, incluindo vÃrus, bactérias e fungos. De acordo com o estudo, os insetos representam potencial ponto de encontro para diferentes parasitos. No entanto, os pesquisadores destacam a necessidade de estudos complementares para esclarecer a competência na transmissão desses microrganismos. Outro capÃtulo orienta sobre os diferentes métodos empregados para a captura dos flebotomÃneos, além de citar as etapas de processamento para a identificação das espécies e formas de preservação.
Sobre as leishmanioses
As leishmanioses são transmitidas pela picada de fêmeas de flebotomÃneos infectadas com parasitos do gênero Leishmania. Segundo o Ministério da Saúde, são registrados, em média, 3,5 mil casos de Leishmaniose Visceral no Brasil a cada ano.
O tratamento é realizado com a utilização de três fármacos. Se não tratada, a doença pode levar ao óbito em até 90% dos casos. No paÃs, a principal espécie responsável pela transmissão é a Lutzomyia longipalpis.
No ambiente urbano, os cães são os principais reservatórios do parasito causador do agravo. Atualmente, existe uma vacina antileishmaniose visceral canina em comercialização no Brasil restrita à proteção individual dos cães.
As leishmanioses são causadas por protozoários do gênero Leishmania, que podem ser transmitidos pela picada de fêmeas de flebotomÃneos, conhecidos popularmente como mosquito-palha, tatuquira ou birigui. Foto: Gutemberg Brito/IOC/Fiocruz
Já a Leishmaniose Tegumentar Americana pode apresentar as formas clÃnicas cutânea e mucocutânea, incluindo sintomas como úlceras na pele e mucosas. As principais espécies envolvidas na transmissão são Nyssomyia whitmani, Ny. intermedia, Ny. umbratilis, Psychodopygus wellcomei, Bichromomyia flaviscutellata e Migonemyia migonei. Segundo o Ministério, são registrados, em média, 21 mil casos por ano no paÃs. O tratamento é feito com o uso de medicamentos especÃficos.
"Conhecer melhor as espécies de flebotomÃneos é um passo importante para o controle do vetor e para o enfrentamento à s leishmanioses. Avançamos bastante no conhecimento dos flebotomÃneos vetores, dos reservatórios e no diagnóstico das leishmanioses em humanos. No entanto, a busca por novas estratégias terapêuticas permanece um desafio no enfrentamento a essas doenças que são consideradas negligenciadas", pontua Rangel.
O livro 'Brazilian Sand Flies' conta com a colaboração de pesquisadores de diversas instituições de pesquisa, incluindo especialistas do Instituto Oswaldo Cruz; Instituto René Rachou (Fiocruz Minas); Instituto Evandro Chagas; Universidade de São Paulo (USP); Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Universidade do Texas Medical Branch, dos Estados Unidos; Escola de Higiene e Medicina Tropical, de Londres; Instituto Nacional de Medicina Tropical da Argentina; Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e Ministério da Saúde.
O Brasil é o paÃs que concentra o maior número de espécies de flebotomÃneos em todo o mundo. Esses insetos são responsáveis pela transmissão da Leishmaniose Visceral e da Leishmaniose Tegumentar, doenças causadas por protozoários do gênero Leishmania.
Conhecimentos acerca desses insetos de importância para a saúde pública foram reunidos no livro 'Brazilian Sand Flies', organizado pelos pesquisadores Elizabeth Ferreira Rangel, do Laboratório Interdisciplinar de Vigilância Entomológica em Diptera e Hemiptera do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e Jeffrey Shaw, do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP).
"Este é um livro dedicado aos flebotomÃneos do Brasil e sua importância médica, escrito em inglês. Produzimos um material de alta qualidade, a partir de uma bibliografia atualizada e com a colaboração de um grupo de especialistas em diferentes áreas do conhecimento. Os textos ricos e diversificados contemplam temas abrangentes, desde os métodos de capturas dos flebotomÃneos no campo à relação parasito-hospedeiro", destaca Rangel. A obra é uma versão atualizada do livro 'FlebotomÃneos do Brasil', publicado em 2003 pela editora Fiocruz e organizado por Elizabeth Rangel e pelo parasitologista Ralph Lainson, falecido em 2015, que atuava no Instituto Evandro Chagas, no Pará.
Segundo Rangel, a elaboração do livro em inglês tem por objetivo ampliar o alcance acerca do conhecimento das espécies brasileiras não somente a pesquisadores e estudantes nacionais, mas também estrangeiros.
O livro, que ainda inclui temas como a distribuição regional, aspectos da biologia e ecologia e a importância dos flebotomÃneos como vetores de patógenos e parasitas, pode ser adquirido nas versões fÃsica e e-book [clique aqui].
Pesquisadores e estudantes do IOC contribuÃram para a construção do livro Brazilian Sand Flies. Foto: Gutemberg Brito/IOC/FiocruzPerspectivas em destaque
A vigilância entomológica e o controle dos vetores das leishmanioses estão entre os destaques da publicação. Por meio da vigilância são investigadas caracterÃsticas biológicas e ecológicas dos insetos, além de aspectos da interação com humanos, reservatórios e o ambiente.
A ferramenta permite a detecção de mudanças no comportamento dos vetores que podem afetar o padrão de transmissão das doenças. Os dados podem indicar, ainda, as estratégias mais eficientes para o controle vetorial.
O uso de inseticidas (controle quÃmico), por exemplo, pode ser mais bem sucedido se a aplicação for realizada no perÃodo de maior densidade de insetos numa localidade. A obra também apresenta caracterÃsticas evolutivas, fisiológicas e anatômicas dos flebotomÃneos e propõe uma nova abordagem de classificação taxonômica. DistribuÃdo em mais de 200 páginas, o conteúdo reúne informações sobre a morfologia e terminologia de flebotomÃneos adultos das Américas, acompanhadas por um guia ilustrado para a identificação das espécies.
Segundo a publicação, o conhecimento acerca da evolução dos organismos tem se desenvolvido de forma cada vez mais dinâmica, o que tem provocado alterações na taxonomia e sistemática.
O livro Brazilian Sand Flies pode ser adquirido nas versões fÃsica e e-book. Josué Damacena/IOC/FiocruzOs impactos das mudanças climáticas nas dinâmicas das leishmanioses também fazem parte das abordagens. Doenças transmitidas por vetores são particularmente suscetÃveis a mudanças ambientais e climáticas uma vez que sua ocorrência depende do balanço ecológico entre diferentes espécies envolvidas nos ciclos de transmissão. A publicação destaca que os flebotomÃneos são afetados especialmente pelas chuvas, umidade e temperatura.
Essas variáveis influenciam sua distribuição, metabolismo e interações com parasitos do gênero Leishmania. Um dos impactos das mudanças climáticas na ecoepidemiologia das leishmanioses previsto por especialistas é a ampliação da distribuição geográfica dos vetores.
A publicação também conta com um capÃtulo que mostra que os flebotomÃneos brasileiros são hospedeiros de outros microrganismos além daqueles pertencentes ao gênero Leishmania, incluindo vÃrus, bactérias e fungos. De acordo com o estudo, os insetos representam potencial ponto de encontro para diferentes parasitos. No entanto, os pesquisadores destacam a necessidade de estudos complementares para esclarecer a competência na transmissão desses microrganismos. Outro capÃtulo orienta sobre os diferentes métodos empregados para a captura dos flebotomÃneos, além de citar as etapas de processamento para a identificação das espécies e formas de preservação.
Sobre as leishmanioses
As leishmanioses são transmitidas pela picada de fêmeas de flebotomÃneos infectadas com parasitos do gênero Leishmania. Segundo o Ministério da Saúde, são registrados, em média, 3,5 mil casos de Leishmaniose Visceral no Brasil a cada ano.
O tratamento é realizado com a utilização de três fármacos. Se não tratada, a doença pode levar ao óbito em até 90% dos casos. No paÃs, a principal espécie responsável pela transmissão é a Lutzomyia longipalpis.
No ambiente urbano, os cães são os principais reservatórios do parasito causador do agravo. Atualmente, existe uma vacina antileishmaniose visceral canina em comercialização no Brasil restrita à proteção individual dos cães.
As leishmanioses são causadas por protozoários do gênero Leishmania, que podem ser transmitidos pela picada de fêmeas de flebotomÃneos, conhecidos popularmente como mosquito-palha, tatuquira ou birigui. Foto: Gutemberg Brito/IOC/FiocruzJá a Leishmaniose Tegumentar Americana pode apresentar as formas clÃnicas cutânea e mucocutânea, incluindo sintomas como úlceras na pele e mucosas. As principais espécies envolvidas na transmissão são Nyssomyia whitmani, Ny. intermedia, Ny. umbratilis, Psychodopygus wellcomei, Bichromomyia flaviscutellata e Migonemyia migonei. Segundo o Ministério, são registrados, em média, 21 mil casos por ano no paÃs. O tratamento é feito com o uso de medicamentos especÃficos.
"Conhecer melhor as espécies de flebotomÃneos é um passo importante para o controle do vetor e para o enfrentamento à s leishmanioses. Avançamos bastante no conhecimento dos flebotomÃneos vetores, dos reservatórios e no diagnóstico das leishmanioses em humanos. No entanto, a busca por novas estratégias terapêuticas permanece um desafio no enfrentamento a essas doenças que são consideradas negligenciadas", pontua Rangel.
O livro 'Brazilian Sand Flies' conta com a colaboração de pesquisadores de diversas instituições de pesquisa, incluindo especialistas do Instituto Oswaldo Cruz; Instituto René Rachou (Fiocruz Minas); Instituto Evandro Chagas; Universidade de São Paulo (USP); Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Universidade do Texas Medical Branch, dos Estados Unidos; Escola de Higiene e Medicina Tropical, de Londres; Instituto Nacional de Medicina Tropical da Argentina; Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e Ministério da Saúde.
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)