Palavras-chave marcaram as apresentações dos coordenadores dos sete Programas de Pós-graduação Stricto sensu do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) durante a tradicional mesa-redonda que participam durante a Semana da Pós do IOC. União, solidariedade, reestruturação, flexibilidade e superação foram algumas das expressões destacadas para sintetizar os desafios e perspectivas do ensino no IOC nos últimos meses, em meio à pandemia de Covid-19.
Participaram das discussões os pesquisadores Cléber Galvão (Biodiversidade e Saúde), Leila Mendonça Lima (Biologia Celular e Molecular), Ana Carolina Guimarães (Biologia Computacional e Sistemas), Rafael Freitas (Biologia Parasitária), Tania Araújo-Jorge (Ensino em Biociências e Saúde), Martha Mutis (Medicina Tropical) e Fernando Genta (Vigilância e Controle de Vetores). O debate foi conduzido pelo estudante de doutorado da Pós-graduação em Biologia Parasitária, Diogo Gama Caetano. O evento foi transmitido online, pelo canal do IOC no Youtube, nesta terça-feira - segundo dia de atividades.
No encontro conduzido pelo doutorando Diogo Gama Caetano, coordenadores dos sete Programas de Pós-graduação do IOC dialogaram sobre os desafios do ensino no contexto da pandemia. Foto: DivulgaçãoEm uma breve apresentação, a pesquisadora Leila Mendonça Lima realizou um balanço das medidas implementadas pelos Programas a partir de março, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que o mundo vivia uma pandemia provocada pelo novo coronavÃrus. A pesquisadora destacou a suspensão das atividades presenciais por tempo indeterminado e a manutenção das ações de forma remota, incluindo o funcionamento das secretarias, defesas de teses e dissertações, exames de qualificação e seminários discentes, reuniões da Comissão da Pós-graduação (CPG), além dos processos seletivos regulares e emergenciais (relacionados à Covid-19).
A pesquisadora Leila Mendonça Lima apresentou um balanço das medidas implementadas pela pós-graduação a partir de março. Foto: DivulgaçãoNo perÃodo, também foram implementadas medidas como a reformulação do calendário acadêmico, a prorrogação de bolsas de estudo e a flexibilização dos prazos de defesas. Segundo Leila, houve um estÃmulo à participação dos docentes em treinamentos para o uso das ferramentas remotas, uma vez que muitas disciplinas passaram a ser oferecidas nesta modalidade. A pesquisadora destacou, ainda, a organização de reuniões com discentes, seminários temáticos e encontros cientÃficos virtuais.
Entre os desafios, foram apontadas necessidades como a manutenção e ampliação de disciplinas de forma remota, o incentivo à participação de professores estrangeiros, a redefinição do calendário de processos seletivos regulares e o estÃmulo à criação de um espaço para compartilhamento de informações entre os alunos do IOC.
Uma das marcas da mesa-redonda, a construção do debate a partir das demandas dos próprios alunos foi preservada. A interatividade da plateia virtual foi garantida pelo mecanismo de chat. Entre os principais apontamentos realizados pelos estudantes, estiveram comentários sobre a realização de disciplinas online, a regulamentação sobre a obrigatoriedade de publicação de artigos, sobrecarga de trabalho e reestruturação dos projetos de pesquisa.
O formato virtual das disciplinas foi um dos destaques das discussões. Para Ana Carolina Guimarães, a trajetória dos últimos seis meses tem sido uma experiência de aprendizado. Segundo ela, o esforço coletivo poderá trazer melhorias para o formato. "O primeiro semestre foi um desafio bem grande, algumas pós-graduações já tinham experiência em disciplinas remotas de diversas maneiras, estamos tentando uniformizar. Alguns docentes não têm experiência, preferem não deixar as aulas gravadas, também temos que respeitar. É uma discussão ampla, que está aberta ao diálogo", ressaltou.
As pesquisadoras Ana Carolina Guimarães e Tania Araújo-Jorge ressaltaram necessidades de melhorias para o formato virtual das disciplinas. Foto: Divulgação
Já Tania Araújo-Jorge ressaltou a importância da alteração no planejamento das disciplinas, considerando a nova rotina e a adaptação dos alunos, porém classificou como primordial a interação com os professores nas aulas. "As disciplinas na pós-graduação não podem ser um conjunto de palestras, temos uma disciplina nesse formato que é o Centro de Estudos, as demais precisam manter o processo formativo", ponderou.
Fernando Genta salientou que, no caso da Pós em Vigilância e Controle de Vetores, que conta majoritariamente com alunos que atuam no serviço de saúde pública, como secretarias estaduais e municipais de saúde, o formato de disciplinas gravadas, que permite flexibilidade no acompanhamento do conteúdo, apresentou bons resultados. "Passamos boa parte das aulas para conteúdos assÃncronos. O que é sÃncrono é apresentado no perÃodo da noite. Muitas vezes, os alunos não podem sair do trabalho ou parar uma atividade para assistir à aula. Apesar de ter sido muito difÃcil, tem um lado positivo: no futuro, isso tende a facilitar a participação de alunos que trabalham e estudam, reduzindo a questão das desigualdades regionais", pontuou Genta.
Diferentes pontos de vista sobre o uso das ferramentas virtuais na pós-graduação foram discutidos pelos pesquisadores Fernando Genta e Rafael Freitas. Foto: DivulgaçãoPara Rafael Freitas, o uso recorrente das ferramentas virtuais na pandemia chamou atenção para a possibilidade de ampliar a integração entre as instituições de ensino e pesquisa. "Podemos convidar professores e pesquisadores que estão em outras cidades do Brasil e em outros paÃses para realizar palestras. É uma oportunidade para que os alunos conheçam especialistas que são lÃderes de pesquisa em áreas de assuntos tratados nas disciplinas", afirmou.
Para alguns programas de Pós-graduação do IOC, a publicação de artigo cientÃfico é um requisito obrigatório para a defesa de doutorado. A flexibilização da regra diante do contexto da pandemia foi discutida durante o encontro. Leila Mendonça Lima ponderou que apesar da Pós em Biologia Celular e Molecular não contar com essa regulamentação, a publicação de artigos é valorizada pelo Programa. Rafael Freitas destacou a necessidade de discussões aprofundadas sobre o tema no âmbito da Biologia Parasitária. Ana Carolina Guimarães e Cléber Galvão citaram que possÃveis atrasos no desenvolvimento das teses já são considerados e a prorrogação do prazo para as defesas está previsto. Martha Mutis reforçou que a publicação de artigos é um fator favorável para a competitividade, em especial para os egressos que buscam por oportunidades de pós-doutorado. Tania Araújo-Jorge acrescentou que, no caso da Pós em Ensino em Ciências e Saúde, para o ingresso no curso de doutorado já há um requisito de publicação de artigo, capÃtulo de livro ou produto educacional.
Marta Mutis lembrou a importância da publicação de artigos para os egressos da pós-graduação. Cléber Galvão ressaltou a necessidade da ampliação do diálogo entre orientadores e estudantes durante o distanciamento. Foto: DivulgaçãoSobrecarga de trabalho, adaptação a uma nova rotina e reestruturação dos projetos de pesquisa, dentre outras questões relacionadas ao desenvolvimento dos estudos na pós-graduação no perÃodo da pandemia, também foram discutidos. "O estreitamento da relação entre orientador e aluno é fundamental. O caminho é conversar, se abrir, nunca se fechar. Estamos todos em uma situação atÃpica, uma situação que ninguém esperava e ninguém está preparado. Mas estamos atentos, não apenas à s questões profissionais, como o tempo de defesa e os objetivos dos projetos que podem não ser alcançados", afirmou Ana Carolina. "O distanciamento social não pode nos tornar mais distantes. A grande questão é o aluno não ficar trancado no seu mundo, sob todo o estresse que ele já sofre, e não se comunicar. Estamos muito acessÃveis nesse momento", complementou Cléber Galvão.
Fernando Genta chamou atenção para a necessidade imposta pela pandemia de readequação dos projetos. "É muito importante que os alunos tenham consciência que o mundo inteiro mudou e as pós-graduações estão inseridas nesse contexto. O que se espera num momento desses é que o estudante faça uma análise crÃtica da situação, redesenhe seus objetivos e o escopo do projeto junto ao orientador. Isso é importante até para a maturidade do cientista", ressaltou.
No encerramento da sessão, a pesquisadora Martha Mutis anunciou a saÃda da coordenação da Pós-graduação em Medicina Tropical, após mais de seis anos. A pesquisadora do Laboratório de Virologia Molecular do IOC, Vanessa Salete de Paula, coordenadora-adjunta da Pós-graduação em Medicina Tropical, assumirá a coordenação do Programa. "Foi um tempo de muito aprendizado. Agradeço a todos os coordenadores, somos um grupo que se entende e se ajuda muito, à Comissão da Pós-graduação, à coordenadora-adjunta e a todos os alunos, que são o foco do nosso trabalho", concluiu.
Palavras-chave marcaram as apresentações dos coordenadores dos sete Programas de Pós-graduação Stricto sensu do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) durante a tradicional mesa-redonda que participam durante a Semana da Pós do IOC. União, solidariedade, reestruturação, flexibilidade e superação foram algumas das expressões destacadas para sintetizar os desafios e perspectivas do ensino no IOC nos últimos meses, em meio à pandemia de Covid-19.
Participaram das discussões os pesquisadores Cléber Galvão (Biodiversidade e Saúde), Leila Mendonça Lima (Biologia Celular e Molecular), Ana Carolina Guimarães (Biologia Computacional e Sistemas), Rafael Freitas (Biologia Parasitária), Tania Araújo-Jorge (Ensino em Biociências e Saúde), Martha Mutis (Medicina Tropical) e Fernando Genta (Vigilância e Controle de Vetores). O debate foi conduzido pelo estudante de doutorado da Pós-graduação em Biologia Parasitária, Diogo Gama Caetano. O evento foi transmitido online, pelo canal do IOC no Youtube, nesta terça-feira - segundo dia de atividades.
No encontro conduzido pelo doutorando Diogo Gama Caetano, coordenadores dos sete Programas de Pós-graduação do IOC dialogaram sobre os desafios do ensino no contexto da pandemia. Foto: DivulgaçãoEm uma breve apresentação, a pesquisadora Leila Mendonça Lima realizou um balanço das medidas implementadas pelos Programas a partir de março, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que o mundo vivia uma pandemia provocada pelo novo coronavÃrus. A pesquisadora destacou a suspensão das atividades presenciais por tempo indeterminado e a manutenção das ações de forma remota, incluindo o funcionamento das secretarias, defesas de teses e dissertações, exames de qualificação e seminários discentes, reuniões da Comissão da Pós-graduação (CPG), além dos processos seletivos regulares e emergenciais (relacionados à Covid-19).
A pesquisadora Leila Mendonça Lima apresentou um balanço das medidas implementadas pela pós-graduação a partir de março. Foto: DivulgaçãoNo perÃodo, também foram implementadas medidas como a reformulação do calendário acadêmico, a prorrogação de bolsas de estudo e a flexibilização dos prazos de defesas. Segundo Leila, houve um estÃmulo à participação dos docentes em treinamentos para o uso das ferramentas remotas, uma vez que muitas disciplinas passaram a ser oferecidas nesta modalidade. A pesquisadora destacou, ainda, a organização de reuniões com discentes, seminários temáticos e encontros cientÃficos virtuais.
Entre os desafios, foram apontadas necessidades como a manutenção e ampliação de disciplinas de forma remota, o incentivo à participação de professores estrangeiros, a redefinição do calendário de processos seletivos regulares e o estÃmulo à criação de um espaço para compartilhamento de informações entre os alunos do IOC.
Uma das marcas da mesa-redonda, a construção do debate a partir das demandas dos próprios alunos foi preservada. A interatividade da plateia virtual foi garantida pelo mecanismo de chat. Entre os principais apontamentos realizados pelos estudantes, estiveram comentários sobre a realização de disciplinas online, a regulamentação sobre a obrigatoriedade de publicação de artigos, sobrecarga de trabalho e reestruturação dos projetos de pesquisa.
O formato virtual das disciplinas foi um dos destaques das discussões. Para Ana Carolina Guimarães, a trajetória dos últimos seis meses tem sido uma experiência de aprendizado. Segundo ela, o esforço coletivo poderá trazer melhorias para o formato. "O primeiro semestre foi um desafio bem grande, algumas pós-graduações já tinham experiência em disciplinas remotas de diversas maneiras, estamos tentando uniformizar. Alguns docentes não têm experiência, preferem não deixar as aulas gravadas, também temos que respeitar. É uma discussão ampla, que está aberta ao diálogo", ressaltou.
As pesquisadoras Ana Carolina Guimarães e Tania Araújo-Jorge ressaltaram necessidades de melhorias para o formato virtual das disciplinas. Foto: Divulgação
Já Tania Araújo-Jorge ressaltou a importância da alteração no planejamento das disciplinas, considerando a nova rotina e a adaptação dos alunos, porém classificou como primordial a interação com os professores nas aulas. "As disciplinas na pós-graduação não podem ser um conjunto de palestras, temos uma disciplina nesse formato que é o Centro de Estudos, as demais precisam manter o processo formativo", ponderou.
Fernando Genta salientou que, no caso da Pós em Vigilância e Controle de Vetores, que conta majoritariamente com alunos que atuam no serviço de saúde pública, como secretarias estaduais e municipais de saúde, o formato de disciplinas gravadas, que permite flexibilidade no acompanhamento do conteúdo, apresentou bons resultados. "Passamos boa parte das aulas para conteúdos assÃncronos. O que é sÃncrono é apresentado no perÃodo da noite. Muitas vezes, os alunos não podem sair do trabalho ou parar uma atividade para assistir à aula. Apesar de ter sido muito difÃcil, tem um lado positivo: no futuro, isso tende a facilitar a participação de alunos que trabalham e estudam, reduzindo a questão das desigualdades regionais", pontuou Genta.
Diferentes pontos de vista sobre o uso das ferramentas virtuais na pós-graduação foram discutidos pelos pesquisadores Fernando Genta e Rafael Freitas. Foto: DivulgaçãoPara Rafael Freitas, o uso recorrente das ferramentas virtuais na pandemia chamou atenção para a possibilidade de ampliar a integração entre as instituições de ensino e pesquisa. "Podemos convidar professores e pesquisadores que estão em outras cidades do Brasil e em outros paÃses para realizar palestras. É uma oportunidade para que os alunos conheçam especialistas que são lÃderes de pesquisa em áreas de assuntos tratados nas disciplinas", afirmou.
Para alguns programas de Pós-graduação do IOC, a publicação de artigo cientÃfico é um requisito obrigatório para a defesa de doutorado. A flexibilização da regra diante do contexto da pandemia foi discutida durante o encontro. Leila Mendonça Lima ponderou que apesar da Pós em Biologia Celular e Molecular não contar com essa regulamentação, a publicação de artigos é valorizada pelo Programa. Rafael Freitas destacou a necessidade de discussões aprofundadas sobre o tema no âmbito da Biologia Parasitária. Ana Carolina Guimarães e Cléber Galvão citaram que possÃveis atrasos no desenvolvimento das teses já são considerados e a prorrogação do prazo para as defesas está previsto. Martha Mutis reforçou que a publicação de artigos é um fator favorável para a competitividade, em especial para os egressos que buscam por oportunidades de pós-doutorado. Tania Araújo-Jorge acrescentou que, no caso da Pós em Ensino em Ciências e Saúde, para o ingresso no curso de doutorado já há um requisito de publicação de artigo, capÃtulo de livro ou produto educacional.
Marta Mutis lembrou a importância da publicação de artigos para os egressos da pós-graduação. Cléber Galvão ressaltou a necessidade da ampliação do diálogo entre orientadores e estudantes durante o distanciamento. Foto: DivulgaçãoSobrecarga de trabalho, adaptação a uma nova rotina e reestruturação dos projetos de pesquisa, dentre outras questões relacionadas ao desenvolvimento dos estudos na pós-graduação no perÃodo da pandemia, também foram discutidos. "O estreitamento da relação entre orientador e aluno é fundamental. O caminho é conversar, se abrir, nunca se fechar. Estamos todos em uma situação atÃpica, uma situação que ninguém esperava e ninguém está preparado. Mas estamos atentos, não apenas à s questões profissionais, como o tempo de defesa e os objetivos dos projetos que podem não ser alcançados", afirmou Ana Carolina. "O distanciamento social não pode nos tornar mais distantes. A grande questão é o aluno não ficar trancado no seu mundo, sob todo o estresse que ele já sofre, e não se comunicar. Estamos muito acessÃveis nesse momento", complementou Cléber Galvão.
Fernando Genta chamou atenção para a necessidade imposta pela pandemia de readequação dos projetos. "É muito importante que os alunos tenham consciência que o mundo inteiro mudou e as pós-graduações estão inseridas nesse contexto. O que se espera num momento desses é que o estudante faça uma análise crÃtica da situação, redesenhe seus objetivos e o escopo do projeto junto ao orientador. Isso é importante até para a maturidade do cientista", ressaltou.
No encerramento da sessão, a pesquisadora Martha Mutis anunciou a saÃda da coordenação da Pós-graduação em Medicina Tropical, após mais de seis anos. A pesquisadora do Laboratório de Virologia Molecular do IOC, Vanessa Salete de Paula, coordenadora-adjunta da Pós-graduação em Medicina Tropical, assumirá a coordenação do Programa. "Foi um tempo de muito aprendizado. Agradeço a todos os coordenadores, somos um grupo que se entende e se ajuda muito, à Comissão da Pós-graduação, à coordenadora-adjunta e a todos os alunos, que são o foco do nosso trabalho", concluiu.
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)