O Laboratório de Biologia Molecular e Doenças Endêmicas (LABIMDOE) do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) desenvolve pesquisa cientÃfica nas áreas de bioquÃmica e biologia molecular de microrganismos patogênicos, visando à identificação de novos alvos moleculares com potencial de aplicação em diagnóstico, quimioterapia e desenvolvimento de vacinas. Suas linhas de pesquisa envolvem diagnóstico molecular de doenças infecto-parasitárias; bioquÃmica e proteômica de parasitos e vetores; e imunologia molecular de doenças endêmicas.
Pioneiro no uso da técnica PCR para diagnóstico da doença de Chagas, o Laboratório tem atuado na padronização do uso clÃnico da metodologia e métodos relacionados. Nesta área, integrou a Comissão da Rede de Pesquisa de Doenças Tropicas da Organização Mundial da Saúde (TDR/WHO, na sigla em inglês) e Organização Pan Americana de Saúde (PAHO) para o estabelecimento e validação clÃnica de ensaios consenso baseados em PCR aplicados à doença de Chagas. O Laboratório participa do Comitê Dirigente BENEFIT (Benznidazole Evaluation for Interrupting Trypanosomiasis), como o centro brasileiro responsável pela realização de testes de PCR para o monitoramento da parasitemia na doença de Chagas em pacientes crônicos cardÃacos tratados com o medicamento benzonidazol. Além do Brasil, participam do consórcio Argentina, Colômbia e BolÃvia. O Laboratório também desenvolve novas metodologias de aplicação diagnóstica para o rastreamento de infecção natural causada por espécies de Leishmania, em flebotomÃneos vetores de leishmanioses, em áreas endêmicas do Brasil.
A linha de pesquisa em bioquÃmica e proteômica de parasitos e vetores busca esclarecer os mecanismos fisiológicos envolvidos na diferenciação celular e expressão de enzimas de protozoários parasitos e insetos vetores de interesse médico veterinário. Nesta linha investiga-se a relevância das peptidases no ciclo de vida dos protozoários e sua interação com células do hospedeiro invertebrado/vertebrado. ProteÃnas e peptidases também estão sendo caracterizadas em vetores como Aedes aegypti, Aedes albopictus, Culex quinquefasciatus e Anopheles albitarsis, alimentados com açúcar e com sangue, utilizando-se técnicas proteômicas. Neste sentido, têm sido feito trabalhos que envolvem a identificação de proteÃnas isoladas de órgãos (intestino e gônadas) de mosquitos, bem como de diferentes estágios do seu ciclo de vida, a fim de verificar alterações na expressão de proteÃnas de maneira estágio, sexo e tecido-especÃficas. Também são desenvolvidos estudos de interação parasito-hospedeiro, utilizando modelos de Leishmania sp e Trypanosoma cruzi e tendo como alvos proteÃnas como cruzipaÃna, cisteÃna-proteinase B, gp63 e proteÃnas ligantes de heparina. A caracterização molecular e ultraestrutural de protozoários parasitos, Trichomonas vaginalis e Tritrichomonas foetus, sob a influência do ferro, representa outro projeto relacionado a esta linha de pesquisa.
Os estudos sobre imunologia molecular de doenças endêmicas objetivam a identificação de antÃgenos de natureza proteica em candidatos a potenciais marcadores imunológicos e antigênicos, em doenças infecto-parasitárias. A investigação promove o mapeamento de epÃtopos de linfócitos T na leishmaniose experimental. Para isso, utiliza como abordagem a análise tridimensional dos complexos supramoleculares MHC/peptÃdeo.
Entre suas atividades, o Laboratório também tem intensificado os estudos no campo da biofÃsica molecular voltados para a descoberta de novas moléculas bioativas e alvos moleculares, contribuindo assim para a competitividade internacional da pesquisa brasileira no campo da biotecnologia e das ciências farmacêuticas. O Laboratório realiza estudos de interações moleculares em sistemas dinâmicos por biossensoriamento de superfÃcie através de ressonância plasmônica, o que permite a análise de interações moleculares em tempo real, além de estudos de espalhamento dinâmico de luz de preparações de proteÃnas para a estimativa dos coeficientes de difusão. Estes estudos estão voltados para investigações de interações moleculares com proteÃnas purificadas (enzima/inibidor e MHC/epÃtopo) e com células inteiras (parasito/ligante e linfócito/MHC/epÃtopo).
O LABIMDOE alberga a Plataforma multiusuário RPT9A de PCR em Tempo Real da Fiocruz (PDTIS), além de gerenciar desde 2011, a Coleção de Protozoários da Fiocruz. A Coleção de Protozoários (COLPROT) conta com um acervo de mais de 500 isolados de tripanossomatÃdeos, com amostras representativas de praticamente todos os gêneros da famÃlia Trypanosomatidae, com uma fantástica abundância tanto de variedade quanto de representantes de cada grupo. Esta Coleção conta com diversos isolados de Trypanosoma cruzi (obtidos de pacientes e animais silvestres) e diversos representantes do gênero Trypanosoma, como T. evansi, T. brucei, T. conorhini, T. desterriensis, T. freitasi, T. lewisi, T. rangeli, T. vespertilionis, T. mega, T. cervi, T. ranarum, T. avium. A Coleção possui, ainda, uma ampla variedade de tripanossomatÃdeos de insetos e plantas, com representantes de mais de oito gêneros diferentes e protozoários de vida livre como Euglena, Bodo e diversas amostras aguardando a caracterização. Os isolados que compõem a Coleção de Protozoários representam tanto amostras-referência, como isolados obtidos por pesquisadores e depositados exclusivamente nesta Coleção. Recentemente, o Laboratório se envolveu no projeto CNPq/Br-Bol (Brazilian Bar Coding of Life), sendo o responsável pela instalação na Fiocruz da Plataforma multiusuário de Identificação Molecular de Parasitos e Vetores do Brasil.
O Laboratório investe em formação de pesquisadores, conta com alunos de iniciação cientÃfica, mestrado e doutorado. Atua nos programas de ensino de Pós-Graduação do IOC sendo responsável por disciplinas Stricto sensu, como ‘Sistemas Biológicos’, ‘Modelos Experimentais de Interação Molecular’, ‘BioquÃmica e Biologia Molecular de Parasitos’, ‘Caracterização BioquÃmica de EpÃtopos’. Desde 2011, atua na coordenação do Centro de Estudos do IOC, disciplina que visa à promoção de seminários cientÃficos com expoentes da academia nacional e internacional, para em última instância promover a discussão de ciência na Fiocruz e entre os pares.